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Até Neymar virou alvo dos protestos no Brasil, diz imprensa francesa

As manifestações populares no Brasil deixam o governo e toda a classe política numa situação embaraçosa, surpreendem diretores de grandes grandes empresas estrangeiras instaladas no país e não poupam nem a seleção brasileira e o astro Neymar. É o que revelam os jornais franceses nesta quinta-feira em sua cobertura sobre os protestos no país.

Protestos em frente ao Estádio Mané Garrincha em Brasília, 15 de junho de 2013.
Protestos em frente ao Estádio Mané Garrincha em Brasília, 15 de junho de 2013. REUTERS/Gustavo Froner
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Les Echos afirma que o movimento no Brasil se expandiu e chegou às classes populares. "Tanto os organizadores quanto os políticos estão desorientados." O jornal entrevistou o franco-brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Renault que esteve durante 28 horas no país e disse ter ficado surpreeendido com a mobilização. Segundo ele, é cedo para avaliar a situação. Ghosn aproveitou para atacar a falta de competitividade do país e os altos custos para os empresários, o que pode afastar investidores.

Em um longo artigo para analisar a situação do país, Les Echos diz que ninguém percebeu esse aumento da insatisfação dos brasileiros e os protestos supreendem pela sua dimensão e sobretudo pelo caráter espontâneo. O jornal diz que a conjuntura internacional não é a única culpada pela falta de crescimento econômico do país. Durante os últimos anos, o Brasil perdeu competitividade com uma explosão dos custos do trabalho. A queda do real piorou a situação e influenciou na queda das exportações. Les Echos afirma que todo mundo manifesta: ricos, pobres, jovens e empresários para denunciar custo alto de vida, falta de infraestrutura e corrupção. O sonho brasileiro acabou, constata Les Echos.

O jornal Libération afirma que o movimento não enfraquece, e a presidente Dilma Rousseff tenta dar uma resposta adequada às manifestações. O jornal relata a terça-feira de Dilma em São Paulo, onde ela se encontrou com o seu padrinho político, o ex-presidente Lula, e depois fez a declaração de que as manifestações mostram o vigor da democracia brasileira. O Libération mostra que a oposição tenta tirar proveito da situação e destaca um alerta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que Dilma deve abrir o olho porque o povo está insatisfeito.

Le Figaro escreve que a presidente brasileira tenta dar uma resposta a esta enorme insatisfação popular. Os brasileiros esperavam uma maior compreensão da herdeira de Lula. Le Figaro diz que o tom em Brasília mudou após Dilma ter manifestado apoio às reivindicações de mais emprego e educação. O jornal questiona se a estratégia escolhida por Lula e Dilma de mudar o Brasil sem transformar certas instituições chegou ao seu limite.

O comunista L'Humanité diz que o Brasil enfrenta uma verdadeira tempestade e anuncia as novas manifestações previstas nesta quinta-feira em várias cidades. O jornal afirma que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ganhou cartão vermelho. L'Humanité destaca em suas declarações de que a Fifa não impôs a organização da Copa ao Brasil, pelo contrário, foi uma escolha do país. Por outro lado, o jornal comunista lembra o apoio declarado de alguns jogadores, como Daniel Alves, Hulk e David Luiz, aos manifestantes.

O jornal L'Equipe, que enviou um jornalista para acompanhar a Copa das Confederações, destaca em título de sua reportagem uma frase que se tornou famosa: um professor vale mais que Neymar. O jornal esportivo diz que o atacante virou um alvo simbólico de um país revoltado, e ele decidiu se solidarizar com o movimento, antes de brilhar no jogo contra o México.

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