Até Neymar virou alvo dos protestos no Brasil, diz imprensa francesa
As manifestações populares no Brasil deixam o governo e toda a classe política numa situação embaraçosa, surpreendem diretores de grandes grandes empresas estrangeiras instaladas no país e não poupam nem a seleção brasileira e o astro Neymar. É o que revelam os jornais franceses nesta quinta-feira em sua cobertura sobre os protestos no país.
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Les Echos afirma que o movimento no Brasil se expandiu e chegou às classes populares. "Tanto os organizadores quanto os políticos estão desorientados." O jornal entrevistou o franco-brasileiro Carlos Ghosn, presidente da Renault que esteve durante 28 horas no país e disse ter ficado surpreeendido com a mobilização. Segundo ele, é cedo para avaliar a situação. Ghosn aproveitou para atacar a falta de competitividade do país e os altos custos para os empresários, o que pode afastar investidores.
Em um longo artigo para analisar a situação do país, Les Echos diz que ninguém percebeu esse aumento da insatisfação dos brasileiros e os protestos supreendem pela sua dimensão e sobretudo pelo caráter espontâneo. O jornal diz que a conjuntura internacional não é a única culpada pela falta de crescimento econômico do país. Durante os últimos anos, o Brasil perdeu competitividade com uma explosão dos custos do trabalho. A queda do real piorou a situação e influenciou na queda das exportações. Les Echos afirma que todo mundo manifesta: ricos, pobres, jovens e empresários para denunciar custo alto de vida, falta de infraestrutura e corrupção. O sonho brasileiro acabou, constata Les Echos.
O jornal Libération afirma que o movimento não enfraquece, e a presidente Dilma Rousseff tenta dar uma resposta adequada às manifestações. O jornal relata a terça-feira de Dilma em São Paulo, onde ela se encontrou com o seu padrinho político, o ex-presidente Lula, e depois fez a declaração de que as manifestações mostram o vigor da democracia brasileira. O Libération mostra que a oposição tenta tirar proveito da situação e destaca um alerta do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso de que Dilma deve abrir o olho porque o povo está insatisfeito.
Le Figaro escreve que a presidente brasileira tenta dar uma resposta a esta enorme insatisfação popular. Os brasileiros esperavam uma maior compreensão da herdeira de Lula. Le Figaro diz que o tom em Brasília mudou após Dilma ter manifestado apoio às reivindicações de mais emprego e educação. O jornal questiona se a estratégia escolhida por Lula e Dilma de mudar o Brasil sem transformar certas instituições chegou ao seu limite.
O comunista L'Humanité diz que o Brasil enfrenta uma verdadeira tempestade e anuncia as novas manifestações previstas nesta quinta-feira em várias cidades. O jornal afirma que o presidente da Fifa, Joseph Blatter, ganhou cartão vermelho. L'Humanité destaca em suas declarações de que a Fifa não impôs a organização da Copa ao Brasil, pelo contrário, foi uma escolha do país. Por outro lado, o jornal comunista lembra o apoio declarado de alguns jogadores, como Daniel Alves, Hulk e David Luiz, aos manifestantes.
O jornal L'Equipe, que enviou um jornalista para acompanhar a Copa das Confederações, destaca em título de sua reportagem uma frase que se tornou famosa: um professor vale mais que Neymar. O jornal esportivo diz que o atacante virou um alvo simbólico de um país revoltado, e ele decidiu se solidarizar com o movimento, antes de brilhar no jogo contra o México.
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