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Egito: golpe militar ou revolução popular?

A imprensa francesa destaca em primeira página nesta quinta-feira a crise política no Egito. Jornais de todas as tendências tentam avaliar a extensão e os riscos do golpe que destituiu o presidente islamita Mohamed Mursi.

Capa dos jornais franceses Le Figaro, Aujourd'hui en France et Libération desta quinta-feira, 04.
Capa dos jornais franceses Le Figaro, Aujourd'hui en France et Libération desta quinta-feira, 04.
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O diário Aujourd'hui en France se refere ao golpe militar que depôs o presidente Mohamed Mursi como um 'verão egípcio' dois anos após a primavera árabe. Assim como a maioria dos jornais, o Aujourd'hui en France tenta esclarecer se houve de fato um golpe militar ou mais uma revolução popular, apoiada pelos militares, contra os islamitas no poder. Segundo o diário, os religiosos islâmicos não conseguiram fazer milagres no Egito e o islamismo político demonstrou seus limites.

O diário conservador Le Figaro interpreta o golpe militar como uma sanção ao fracasso da gestão islâmica. O jornal escreve que Mohamed Mursi se mostrou ainda mais incapaz de governar o Egito do que o ex-ditador Hosni Mubarak.

O Le Figaro estabelece um paralelo entre o clima das atuais reivindicações dos egípcios e o que aconteceu antes da queda de Mubarak, em 2011. "A população dá o tom da revolução nas ruas, e os militares manobram nos bastidores", escreve o Le Figaro em seu editorial.

O Exército, com seus privilégios e seu peso econômico, é um estado dentro do estado egípcio, comenta o diário francês. Na opinião do jornal, a Irmandade Muçulmana só venceu as eleições no ano passado porque a oposição estava muito dividida.

O Le Figaro conclui que os dirigentes egípcios devem evitar a qualquer preço que a destituição de Mursi se cristalize como um golpe militar, para que o país continue a receber ajuda dos Estados Unidos.

O jornal progressista Libération escreve em manchete que o Exército egípcio é quem dá as cartas no país. Na opinião do Libération, o presidente Mursi não não conseguiu se posicionar como um dirigente islâmico moderado, ao contrário, ele exerceu o poder de forma autoritária, o que acabou focalizando todas as frustrações do povo em torno da reforma constitucional.

O texto constitucional proposto pela maioria islâmica na Assembleia agride as liberdades individuais e religiosas, assinala o Libération.

O jornal progressista conclui seu editorial dizendo que os militares têm a obrigação de organizar novas eleições presidenciais, como prometeram ontem, e deixar o Egito ser governado por civis. O povo tem esperança e deve ser ouvido, conclui o texto.
 

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