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França/Acidente

Imprensa teme nova tragédia pelo envelhecimento dos equipamentos ferroviários

Os jornais franceses desta segunda-feira repercutem a entrevista concedida ontem pelo presidente François Hollande durante as comemorações do 14 de julho, a festa nacional republicana, e a catástrofe ferroviária de sexta-feira, em que seis pessoas morreram com o descarrilhamento de um trem na região parisiense.  

O presidente François Hollande visita o local do acidente na estação de trem Bretigny-sur-Orge na sexta-feira, 12 de julho de 2013.
O presidente François Hollande visita o local do acidente na estação de trem Bretigny-sur-Orge na sexta-feira, 12 de julho de 2013. REUTERS/Kenzo Tribouillard/Pool
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Sobre o acidente ferroviário, a imprensa é unânime: a tragédia é consequência de três décadas de descaso e pouco investimento público na renovação da malha ferroviária nacional. Nos últimos anos, a empresa estatal SNCF, políticos e tecnocratas deram prioridade aos investimentos no trem-bala (TGV), com ligações internacionais. O TGV custa caro, chega a um pequeno número de cidades, porém dá mais visibilidade às obras do governo. Resultado: a malha ferroviária básica, aquela usada pelos franceses no cotidiano, para ir e voltar do trabalho, foi preterida e hoje se encontra em péssimo estado. Os jornais temem novos acidentes como o que ocorreu em Bretigny-sur-Orge pelo atraso nos investimentos.

Em uma entrevista coletiva realizada nesse sábado, o presidente da SNCF, a companhia ferroviária francesa, Guillaume Pepy, confirmou que uma tala metálica teria sido a responsável pelo acidente. A hipótese já vinha sendo cogitada desde o início das primeiras investigações logo após a catástrofe que matou seis pessoas e deixou dezenas de feridos na rota entre Paris e Limoges na sexta-feira.

A peça, que pesa cerca de 10 kg e une os trilhos, teria saído do lugar provocando o descarrilamento do trem. Os investigadores ainda tentam entender como o componente, preso por meio de quatro grandes parafusos, teria se deslocado. As 5 mil talas similares usadas na rede ferroviária francesa já estão sendo inspecionadas.

"Pibinho" francês

Em entrevista à TV neste domingo, François Hollande disse que a retomada do crescimento econômico está ao alcance do país, já que a economia francesa deve sair da recessão no segundo trimestre do ano, com um "pibinho" de 0,2%.

Para o Libération, jornal progressista e próximo dos socialistas, Hollande foi fiel a si mesmo na entrevista. O presidente é um otimista incorrigível, e pouco importa se a retomada do crescimento econômico ainda é imperceptível para os franceses, afirma o Libération. Do ponto de vista estatístico, Hollande disse a verdade, escreve o jornal, o problema é que está difícil convencer os economistas de uma inversão da espiral econômica negativa. Ouvido pelo Libération, o economista Xavier Timbeau, do Observatório de Conjuntura Econômica, afirma que a França ainda está numa sequência de recessão e mesmo se houver confirmação dos baixos índices de crescimento de 0,1 a 0,2%, esse "pibinho" não é suficiente para inverter a tendência de aumento do desemprego.

O diário econômico Les Echos também assinala o otimismo de Hollande, que se esforçou para combater o temor do "declínio" francês, propagado com frequência. Hollande criticou o pessimismo generalizado em relação ao futuro do país, mas deixou uma brecha aberta para um novo aumento dos impostos, o que não é bem-visto pela imprensa, que considera que o "apertão" fiscal atingiu seus limites e prejudica a competitividade do país.

O diário conservador Le Figaro afirma em manchete que o socialista não exclui novos aumentos de impostos em 2014. Em editorial, o Le Figaro nota que quando um presidente socialista afirma que só aumentará os impostos se for indispensável, o contribuinte deve desconfiar. Le Figaro critica a política econômica do governo, afirmando que as altas sucessivas de impostos têm o efeito inverso, reduzindo mais e mais a arrecadação pelo asfixiamento do consumo interno.
 

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