Aumenta rejeição dos europeus a intervenção militar na Síria, dizem jornais

A campanha da França e dos Estados Unidos para obter apoio internacional a uma intervenção na Síria é o principal assunto das manchetes. Dois grandes jornais do país, Le Monde e Le Figaro, comentam neste sábado, 7 de setembro de 2013, as razões que fazem os europeus se tornarem cada vez mais avessos a uma solução militar.

Refugiados sírios do campo de Al-Zaatri, na Jordânia, transportam produtos distribuídos pelas associações humanitárias. REUTERS/Muhammad Hamed

O jornal Le Monde diz hoje que Barack Obama e François Hollande enfrentam o ceticismo da opinião pública tanto na Europa quanto nos Estados Unidos. Em seu editorial, na primeira página, Le Monde afirma que toda a eloquência do secretário de Estado americano, John Kerry, para defender a opção militar não consegue mudar a realidade: os europeus são contra uma operação militar na Síria.

"A proposta é rejeitada por 75% dos alemães, por 70% dos britânicos, por 65% dos franceses e 62% dos americanos." O Le Monde não tem a menor dúvida de que os Estados Unidos estão pagando agora, com a crise na Síria, o preço político do fiasco no Iraque.

Le Figaro diz que os franceses rejeitam maciçamente (68%) uma operação militar contra o regime de Bashar al-Assad, conforme aponta pesquisa encomendada ao instituto Ifop. O diário conservador entende que a resistência da opinião pública é legítima, principalmente depois do fracasso das intervenções no Iraque e no Afeganistão.

Uma década inteira perdida em duas guerras que não deram os resultados esperados, pelo contrário, aguçaram o terrorismo e continuam ameaçando a segurança dos ocidentais. Outra coisa que exaspera os franceses é a situação econômica da França. O país atravessa uma crise financeira, falta dinheiro nos cofres do Estado, e o governo ainda quer se dar ao luxo de entrar numa guerra de desfecho imprevisível? Os franceses têm razão de se opor, conclui o Le Figaro.