De luto, Quênia enterra vítimas de atentado em shopping de Nairóbi
O Quênia enterra nesta quinta-feira as vítimas do massacre do último sábado no centro comercial Westgate, em Nairóbi. Neste segundo dia de luto pelo ataque reivindicado pelo grupo islâmico radical Al-Shebab, ligado à rede Al-Qaeda, as bandeiras estavam a meio pau por todo o país e os funerais tomavam a cidade. Várias unidades de apoio psicológico foram instaladas pela capital, principalmente nas imediações do necrotério público.
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Ao menos 67 pessoas morreram e 240 ficaram feridas no atentado promovido por cerca de 15 homens equipados com granadas e armas automáticas. O número de vítimas ainda pode aumentar, já que três andares do prédio desabaram na ação.
Para agravar o drama, no momento do ataque, mais de 30 crianças participavam de um concurso de cozinha no teto do edifício. Não se sabe ao certo quantas delas morreram, mas cerca de 2 mil pessoas prestaram homenagem à apresentadora de rádio de origem indiana Ruhila Adatia, de 31 anos, que animava o concurso. Ela estava grávida e morreu a tiros.
Adatia é uma entre os 61 civis que perderam suas vidas. Seis membros das forças de segurança também morreram, assim como cinco terroristas. Onze suspeitos foram detidos. De acordo com a Cruz Vermelha, 71 pessoas estão desaparecidas. Algumas delas podem estar soterradas nos escombros do prédio, que permanece fechado para a imprensa.
Inspetores e equipes de resgate podiam ser vistos ao redor do edifício devastado, de onde ainda subiam finas linhas de fumaça. Especialistas de Israel, Alemanha, Canadá, Reino Unido e Estados Unidos, além da Interpol, também participam da investigação no local.
Apesar da continuidade dos trabalhos, o ministro do Interior, Joseph Ole Lenku, garantiu que restam poucos corpos soterrados e que que a investigação terminará em menos de uma semana. A identificação das vítimas tem sido feita por meio de fotografias, já que seu estado de deterioração seria chocante para os familiares.
A declaração foi vista com ceticismo pela imprensa. Em sua edição de quinta-feira, o diário Daily Nation afirma que há um "grande problema" com relação ao número de reféns que podem ter morrido nas trocas de tiros. Pelo Twitter, várias pessoas se perguntavam: "se os reféns foram salvos, onde eles estão?".
Ainda perduram outras dúvidas sobre o ataque, principalmente com relação à identidade dos terroristas - algumas fontes afirmam que há americanos e britânicos entre eles. O Westgate já era visto pelas forças de ordem como um possível alvo de ataques terroristas. Mas só agora, a segurança foi reforçada nas principais cidades, aeroportos e fronteiras do país. Mesmo assim, dois policiais e um civil morreram em diferentes incidentes nesta madrugada, em áreas vizinhas à Somália.
O chefe do al-Shebab, Ahmed Abdi Godane, declarou na noite de quarta-feira que o massacre foi uma "mensagem" ao Quênia, cujas tropas combatem, desde o fim de 2011, insurgentes no sul da Somália, dentro de uma força tarefa da União Africana. O recado também serve aos "ocidentais que apoiam e financiam a invasão queniana". Ele ameaçou: "Retirem suas tropas ou aguardem novos banhos de sangue".
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