Imprensa aponta crise de confiança na economia brasileira

A queda do PIB no Brasil é destaque nos jornais franceses desta quarta-feira, 4 de dezembro de 2013. Os jornais Les Echos e Le Figaro avaliam as dificuldades do governo da presidente Dilma Rousseff e a falta de confiança dos investidores na economia brasileira.

Matéria do 'Les Echos' desta quarta-feira, 4 de dezembro de 2013. RFI

O diário econômico Les Echos informa a retração de 0,5% na produção de riquezas no Brasil no terceiro trimestre do ano. O correspondente do jornal em São Paulo, Thierry Ogier, afirma que os analistas esperavam um PIB fraco, mas o que veio foi um resultado realmente ruim. O crescimento projetado de 2% no ano não é suficiente para tirar o Brasil do marasmo, escreve o jornal, explicando que o setor agrícola foi o responsável pela queda no terceiro trimestre.

O Les Echos ressalta, porém, que não dá para colocar a culpa só na agricultura. Analisando os dados em detalhes, a queda dos investimentos, uma variável chave para a produtividade, recuou 2,2% no trimestre, uma tendência que pode se repetir nos próximos meses no momento em que todos os esforços do governo estão concentrados na modernização das infraestruturas.

O Les Echos questiona quem é o culpado por esta situação no Brasil. "O país enfrenta uma forte alta da inflação (6%), vê o retorno do défictit nas contas públicas (superior a 3% do PIB) e uma degradação da percepção do risco do país nos mercados", escreve o jornal. É uma crise de credibilidade, afirma uma analista da agência Standard and Poor's. "O Brasil não fez a lição de casa na gestão do orçamento público", diz ela. Os vilões estão nomeados: a presidente Dilma Rousseff e o ministro da Fazenda Guido Mantega.

O diário conservador Le Figaro lembra que na comparação anual o PIB brasileiro recuou de 3,3% no terceiro trimestre de 2012 para 2,2% em 2013. É o desempenho mais fraco entre os países emergentes, nota o jornal. O Le Figaro afirma que a indústria agroalimentar, motor da economia brasileira, registrou um recuo de 3,5% no período, influindo negativamente no crescimento global do país.

Para o Le Figaro, esse quadro ruim vai diminuir ainda mais o apetite dos investidores estrangeiros. E isso já é visível com a saída de capitais que aumenta mês a mês no Brasil.