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França/Hollande

Pesquisa aponta que franceses não querem uma primeira-dama

A crise conjugal do presidente francês e o status de sua companheira, Valérie Trierweiler, ainda são temas de debate na imprensa francesa. Ainda mais porque o escândalo sobre a suposta relação de François Hollande com a atriz Julie Gayet colocou o líder socialista em uma posição delicada durante seu encontro com o papa Francisco no Vaticano nesta sexta-feira (24).

O presidente François Hollande ao lado de sua companheira, Valérie Trierweiler, em foto de arquivo.
O presidente François Hollande ao lado de sua companheira, Valérie Trierweiler, em foto de arquivo. REUTERS/Philippe Wojazer/Files
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O jornal Aujourd'hui en France publica uma pesquisa exclusiva apontando que os franceses não querem uma primeira-dama. 54% das pessoas entrevistadas não aprovam a criação de um estatuto oficial nem recursos do Estado à disposição da esposa ou companheira do presidente. E isso, independentemente de quem estiver no palácio do Eliseu. 75% também elogiam a discrição do presidente Hollande sobre sua vida privada.

Le Figaro entrevistou a advogada de Valérie Trierweiler, que afirmou que a companheira do presidente quer resolver a crise conjugal causada pela revelação sobre o suposto caso do presidente com a atriz Julie Gayet "da maneira mais digna possível".

Esse escândalo forma o pano de fundo da visita do presidente francês ao Vaticano nesta sexta-feira (24). A imprensa francesa está chamando a reunião de "encontro dos dois François", já que o papa Francisco é conhecido aqui como papa François. 

Le Figaro afirma que o objetivo de Hollande é reconquistar o eleitorado católico. O jornal lembra que esse encontro acontece alguns meses após a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo na França. Essa evolução dos costumes não foi bem aceita pelos católicos franceses, que também se indignaram com as posições do governo sobre a pesquisa com embriões e a eutanásia. A situação piorou nesta semana, com o anúncio de uma modificação na lei para facilitar o acesso ao aborto.

Segundo Le Figaro, o presidente bate recordes de impopularidade entre os católicos praticantes. Somente 16% deles estão satisfeitos com o governo de François Hollande, contra 22% em média para a população em geral.

François e François

O jornal católico La Croix diz que oficialmente os temas principais do encontro são globalização e ecologia, os conflitos na África e no Oriente Médio e as evoluções da sociedade. Mas, segundo informações obtidas junto a pessoas próximas do papa Francisco, o pontífice quer conhecer o homem, e não somente o presidente Hollande.

As fontes do jornal disseram ainda que, devido à atual situação "vulnerável" do presidente francês - uma referência ao escândalo sobre sua suposta relação com a atriz Julie Gayet -, o papa será "magnânimo" e não pretende relançar debates sobre questões de sociedade. La Croix afirma que a dúvida no Vaticano é saber se François Hollande também vai sucumbir ao carisma do papa Francisco, como outros estadistas antes dele.

Libération trata do tema em um tom bem mais irônico. "François e François", "o pecador e o pontífice", diz o jornal de esquerda, que não economiza nos trocadilhos. Mas Libération aponta que apesar das evidentes divergências nas questões de sociedade, o papa e o presidente têm muitas opiniões em comum, por exemplo nas críticas ao capitalismo financeiro.

Além disso, o diário lembra que Hollande teve uma rígida educação católica, e portanto não se encontra em terreno desconhecido no Vaticano. O presidente francês também conta com vários católicos de esquerda entre seus colaboradores mais fieis.

Mas o tema da manchete de Libération é outro: o jornal aponta como o ex-presidente Nicolas Sarkozy alimenta o mistério em torno de um possível retorno à vida pública. Para o diário de esquerda, essa tática prejudica as ambições presidenciais de outras personalidades da direita francesa e semeia a confusão na UMP, o partido de Sarkozy.

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