Manifestações anti-Hollande revelam crise profunda da sociedade francesa
A imprensa francesa desta quarta-feira (29) tenta descobrir quem são os militantes anti-François Hollande que voltaram a desfilar com palavras de ordem violentas contra o presidente francês no último domingo. Para Le Parisien, mesmo marginal, essa radicalização mostra a crise profunda que atravessa a sociedade francesa.O discurso do Estado da União de Barack Obama também está em destaque na primeira pagina dos jornais franceses de hoje.
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O Aujourd’hui em France/Le Parisien fez uma investigação para descobrir quem são os manifestantes que desfilaram no último domingo contra o presidente François Hollande e se radicalizam. O tabloide afirma que o coletivo que organizou o "dia de revolta" é pouco transparente e pouco coerente.
Violência verbal
Os manifestantes radicais vêm da extrema direita, de grupos católicos integristas, dos extremistas do movimento contra o casamento gay, de fãs do humorista Dieudonné, proibido recentemente pela Justiça, de militantes contra a alta dos impostos e de vários outros pequenos grupos. Le Parisien lembra que a violência e o conteúdo das palavras de ordem contra o presidente, contra os judeus, os muçulmanos e os homossexuais, que até então só eram publicadas na internet, chocaram. Mas, mesmo marginal, esse movimento xenófobo desorienta os responsáveis políticos.
Para Le Parisien, essa radicalização mostra a crise profunda que atravessa a sociedade francesa. E o clima deve continuar tenso, alerta o jornal, informando que no próximo domingo, o movimento contra o casamento gay volta a protestar nas ruas de Paris e Lyon e que esses radicais anti-Hollande devem aproveitar a ocasião para se exprimir novamente com violência.
Discurso de Obama
A imprensa francesa acha que Barack Obama partiu para a ofensiva em seu discurso do Estado da União, pronunciado na noite de ontem, em Washington.
Essa é a análise do Les Echos. Segundo o diário econômico, apesar da obstrução do Congresso americano, o presidente parece disposto a usar todos os recursos do poder presidencial para impedir que o Legislativo volte a paralisar o país como em 2013. Obama quer aumentar por decreto o salário mínimo dos funcionários federais. Com essa nova tática, ele tenta dar um novo impulso a seu segundo mandato.
De olho nas eleições legislativas de novembro
Le Figaro concorda com essa análise e diz que o presidente americano, enfraquecido politicamente, tenta ganhar novo fôlego defendendo a classe média americana e lutando contra as desigualdades. O jornal conservador escreve que Obama está de olho nas eleições legislativas deste ano.
Se não houver surpresas, as pesquisas indicam que a relação de forças favorável aos republicanos e contra o Partido Democrata do presidente no Congresso vai continuar. O presidente, que pode até perder terreno no Senado, mostra com o discurso do Estado da União que não se considera ainda vencido, acredita Le Figaro.
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