Manchetes destacam visita de Hollande aos EUA e suíços contra a imigração

Os jornais franceses desta segunda-feira (10) dividem a atenção entre a visita de Estado do presidente François Hollande aos Estados Unidos e o resultado do referendo suíço realizado ontem e que limita a imigração de trabalhadores europeus.

Bandeiras dos Estados Unidos, e da França diante da Casa Branca, em Washington, 7 de fevereiro de 2014. AFP/Nicholas Kamm

Para o jornal Libération, a Suíça decidiu fechar suas fronteiras e se isolar dos vizinhos europeus. O resultado de ontem significa a volta das quotas de imigração para cidadãos europeus e o fim da livre circulação, o que vai de encontro aos acordos bilaterais assinados entre a Suíça e a União Europeia há quase uma década.

Atualmente, cerca de 80 mil trabalhadores estrangeiros entram por ano na Suíça. E eles são altamente qualificados. O jornal cita, como exemplo, os médicos alemães que abriram consultórios na região de Zurique. O mercado de trabalho suíço, com uma taxa de desemprego de apenas 3%, é visto como um oásis, avalia o jornal. Mas, para os suíços, a entrada de estrangeiros é a responsável pelo surgimento de engarrafamentos, de trens lotados e da perda do "sossego".

O jornal Aujourd'hui en France destaca que, atualmente, a população suíça tem 23,5% de estrangeiros. Antes do acordo de livre comércio, eles somavam 20%.

O jornal Le Figaro também coloca o assunto na capa e explica as tensões internas desse referendo. O resultado mostra uma Suíça dividida em duas partes, segundo o Le Figaro. De um lado, a parte de língua francesa, conhecida como Suíça Romanda. Os cantões dessa região, que tem uma forte presença de estrangeiros, votaram em massa contra a restrição à imigração. Do outro lado, os cantões de língua alemã, que disseram "sim" à iniciativa de restringir a entrada de trabalhadores estrangeiros. Nesses cantões alemães, explica o o jornal, ainda há uma grande influência das zonas rurais. Nessas localidades, o imigrante é visto como um elemento alheio à cultura suíça, o que gera uma série de preconceitos capitalizados pelos políticos populistas, diz o Le Figaro.

Hollande visita Obama

A visita de Hollande aos Estados Unidos é outra manchete de hoje. Para o jornal econômico Les Echos, o presidente francês quer dar uma nova imagem do país. Ainda segundo o Les Echos, a imagem da política econômica da França anda meio arranhada por causa do polêmico imposto de 75% sobre os altos salários. Mas, se a economia francesa não causa furor nos Estados Unidos, o presidente François Hollande ganha certa popularidade entre os americanos. Mais do que no seu próprio país. Esse prestígio do outro lado do Atlântico é explicado, entre outros motivos, pelas decisões de política externa como a intervenção francesa no Mali e na República Centro-Africana, avalia o jornal.

Já o conservador Le Figaro, que sempre alfineta o presidente socialista, afirma que Hollande deveria aproveitar a viagem para estudar o sucesso dos Estados Unidos, que tem conseguido dar um novo fôlego à economia depois da crise. O jornal lembra ainda que Hollande terá direito a todas as honras de chefe de Estado, incluindo foto no Salão Oval e uma carona a bordo do Air Force One. Nem mesmo Nicolas Sarkozy, admirador confesso dos Estados Unidos, foi recebido dessa forma.