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Eleições Europeias 2014

Candidatos à presidência da Comissão Europeia travam debate morno

Os cinco candidatos à presidência da Comissão Europeia participaram na noite desta quinta-feira (15) de um debate na TV, transmitido ao vivo para 30 países e 415 milhões de telespectadores, da sede do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Junto com a jovem alemã Franziska Keller, 32 anos, do Partido Verde, que defendeu "uma Europa mais solidária, democrática e do povo", o candidato liberal Guy Verhofstadt, 61 anos, ex-premiê da Bélgica, foi um dos mais aplaudidos pela plateia.

Candidatos aguardam começo do debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas.
Candidatos aguardam começo do debate no Parlamento Europeu, em Bruxelas. Adriana Moysés
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Guy Verhofstadt disse que a Europa está numa encruzilhada: ou os membros do bloco voltam ao Estado-nação, proposta defendida pelos partidos "eurocéticos" e de extrema-direita, ou avançam para uma Europa mais integrada. "Combater os problemas de desemprego e meio ambiente exige um bloco forte, capaz de enfrentar a China, a Índia e os Estados Unidos", disse o político liberal logo no primeiro minuto de sua intervenção.

Mais tarde, Verhofstadt voltou a atacar os "eurocéticos", ao afirmar que eles defendem ideias que vão contra o interesse dos cidadãos. "Sair do euro e voltar às moedas nacionais seria um desastre para a poupança", explicou ele.

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Disputa pela Comissão Europeia

O debate durou uma hora e meia, com um formato dinâmico, em que cada participante tinha 1 minuto para defender seu programa diante de temas amplos, como economia, desemprego, imigração, relações exteriores e movimentos separatistas na Europa.

O presidente da Comissão Europeia será eleito em meados de julho pelo novo Parlamento Europeu, resultante da eleição de 25 de maio, para substituir o atual detentor do cargo, José Manuel Durão Barroso.

Contra a austeridade

O grego Alexis Tsipras, 39 anos, da esquerda radical, pediu o fim das políticas de austeridade, classificadas de "um desastre" para o continente, enquanto o socialista alemão Martin Schultz, 58 anos, atual presidente do Parlamento Europeu, defendeu uma Europa mais justa, na qual "os contribuintes não tenham de pagar pelos especuladores".

Tsipras insistiu que "com austeridade não dá para resolver o desemprego", principalmente dos jovens. "Salvaram os bancos e sacrificaram a população", reclamou o grego. Os candidatos de esquerda também defenderam iniciativas mais incisivas de combate à fraude e à evasão fiscal.

Vaias

O candidato conservador Jean-Claude Juncker, 59 anos, foi o único vaiado. Primeiro, quando defendeu a continuidade da política de controle das contas públicas nos países endividados, “para criar condições propícias ao crescimento e à criação de empregos”. Depois, quando disse que "trabalhou dia e noite para a Grécia ficar na zona do euro".

Ex-presidente do Eurogrupo, Juncker defendeu várias vezes o tratado de livre comércio em negociação entre a União Europeia e os Estados Unidos. Num dos poucos bons momentos de confronto, a alemã Franziska Keller rebateu Juncker. "É por causa desse tipo de negociação, sem a menor transparência, que os europeus perderam a confiança na Europa", declarou a candidata dos verdes.

O grego Tsipras também buscou confronto com o liberal Verhofstadt, enquanto o ex-premiê belga fez piadinhas camaradas sobre o socialista Schultz.

Consenso

Em vários momentos do debate houve consenso. Todos defenderam uma política de imigração mais responsável e voluntarista da União Europeia, com regras para asilo político acessível e maior solidariedade entre os países que enfrentam a chegada maciça de imigrantes. Também houve consenso na agenda econômica. A Europa do futuro deverá ser construída com investimentos na indústria digital e no setor de energias renováveis.

Bloco é confrontado à impotência na crise ucraniana

Sobre a crise na Ucrânia, os cinco candidatos defenderam uma solução pacífica do conflito, porém com sanções reforçadas contra a Rússia. “A União Europeia não é uma potência militar, precisa de uma estratégia para evitar o confronto militar”, admitiu o socialista Schultz.

O belga Verhofstadt insistiu num posicionamento mais forte do bloco, senão “Vladimir Putin e outros ditadores vão ver que a impunidade funciona”.

Tsipras foi o único a colocar em dúvida a legitimidade do governo interino ucraniano, ao comentar que a diplomacia europeia “não pode aceitar o crescimento do neonazismo no poder na Ucrânia”.

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