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Imprensa

Imprensa teme contaminação do conflito israelo-palestino na França

Os jornais desta segunda-feira (21) exibem imagens de duas manifestações pró-palestinas ocorridas no fim de semana em Paris e num subúrbio da capital, Sarcelles, que terminaram em distúrbios violentos. Uma sinagoga e lojas mantidas por judeus foram alvo de depredação e vandalismo. A imprensa questiona se o conflito israelo-palestino na Faixa de Gaza "contamina" a França de uma forma perigosa para os judeus e muçulmanos do país.

Capa dos jornais franceses Libération, Le Figaro e Aujourd'hui en France.
Capa dos jornais franceses Libération, Le Figaro e Aujourd'hui en France.
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A guerra acontece em Gaza, mas o barril de pólvora explode na França, afirma a manchete do Libération. As manifestações pró-palestinas em Paris e Sarcelles, marcadas por atos de violência contra os judeus, demonstram que a sociedade francesa é extremamente sensível ao conflito entre israelenses e palestinos.

O jornal de esquerda qualifica os distúrbios do fim de semana de antissemitas. Diz que eles foram provocados por um pequeno grupo de pessoas interessadas em promover "uma guerra comunitária", o que deve ser vivamente combatido pelo Estado. Libération ressalta, no entanto, que o antissemitismo visto nesses protestos é circunscrito e envolve uma minoria de muçulmanos.

Desde o início da escalada em Gaza, 20 mil manifestantes pró-palestinos participaram de protestos na França, o que é proporcionalmente marginal em relação aos 6 milhões de franceses de confissão muçulmana. O jornal também assinala que os protestos contaram com militantes de extrema-esquerda.

Libération denuncia uma manipulação da direita conservadora na interpretação dos acontecimentos. O jornal estima que a comunidade muçulmana francesa sofre de uma certa apatia política. "Não existe nenhum partido religioso muçulmano na França, nenhum lobby organizado ou candidatos que se apresentem nas eleições enquanto defensores de um programa de tônica religiosa", destaca o jornal. Os muçulmanos vivem integrados no sistema republicano. Em compensação, segundo o Libération, alguns intelectuais e políticos de direita propagam a existência de uma massa muçulmana organizada e hostil, o que na realidade não existe. Há extremistas dos dois lados, escreve o Libération, e eles devem ser combatidos.

Aujourd'hui en France descreve cinco horas de protesto violento em Sarcelles, subúrbio onde moram 15 mil judeus. Jovens encapuzados invadiram a sinagoga local, depredaram uma mercearia judaica e incendiaram carros. A polícia interveio com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. O balanço das operações resultou em cerca de 20 pessoas detidas e uma idosa hospitalizada por intoxicação.

De acordo com o Aujourd'hui en France, o temor manifestado pelo governo francês de uma importação do conflito israelo-palestino está se realizando.

O diário conservador Le Figaro relata, por sua vez, que o governo tem tratado os distúrbios com firmeza, denunciando o que eles são: atos antissemitas. As manifestações pró-palestinas tinham sido proibidas, mas a proibição não foi respeitada. Na opinião do jornal, a polícia foi tolerante demais, demorando para agir contra manifestações que estavam proibidas.
 

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