Grupo EI lança ofensiva na Síria e milhares fogem para a Turquia

Os jihadistas do grupo Estado Islâmico (EI) conquistaram neste domingo (21) uma das cidades curdas mais importantes da Síria, depois de ter invadido cerca de 60 vilarejos. A ofensiva fulgurante dos terroristas provocou a fuga de milhares de curdos sírios para a Turquia, com medo da violência dos combatentes. 

Refugiados curdos sírios atravessam a fronteira turca perto da cidade de Suruc. Reuters/Stringer

A cidade de Ain al-Arab é o terceiro aglomerado urbano curdo da Síria, ficando perto da fronteira com a Turquia. O local é de grande importância para o grupo Estado Islâmico pois, desse local, se pode controlar uma vasta área da fronteira.

Com cerca de 35.000 homens recrutados em diversos países, principalmente ocidentais, o grupo ultra-radical sunita prossegue sua ofensiva para conquistar regiões inteiras na Síria e no Iraque, apesar da advertência dos Estados Unidos de que vai destruí-lo com o apoio de uma forte coalizão internacional.

Violentos combates acontecem neste domingo entre os jihadistas, que contam com artilharia pesada e tanques de guerra, e os curdos, que tentam defender a cidade de Ain al-Arab com a ajuda dos curdos vindos da Turquia. Os confrontos já deixaram 70 mortos nos dois lados, segundo a ONG Observatório Sírio dos Direitos Humanos. Quanto ao destino dos 800 habitantes da cidade, não há nenhuma informação.

Fuga em massa

A violência dos combates e os abusos dos jihadistas com a população causaram um verdadeiro êxodo dos civis curdos de Ain al-Arab e arredores para a Turquia. Desde a última sexta-feira (19), cerca de 70 mil pessoas se refugiaram em território turco.

São mulheres, velhos e crianças, carregados de sacos e malas, que atravessaram o posto fronteiriço de Mursitpinar, no sul da Turquia, deparando-se com outros curdos que já aguardavam pelo direito de entrar, diante de cercas de arame farpado vigiadas por soldados.

A oposição síria no exílio denuncia o risco de uma "limpeza étnica".

Estratégias

Lançando uma ofensiva em uma cidade importante da Síria, o grupo Estado Islâmico reforça seu poder no norte do país, onde já ocupa diversas regiões, assim como no vizinho Iraque.

Ao anunciar sua estratégia antijihadista no começo de setembro, o presidente norte-americano Barack Obama, que já atacou o EI no Iraque, anunciou que para a Síria o plano seria diferente. Nenhuma unidade do EI foi atacada pelos americanos no país.