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Voto na extrema-esquerda marca ruptura dos gregos com políticas nacional e europeia

A vitória da extrema-esquerda nas eleições legislativas da Grécia é um recado claro de que a população do país rejeita as políticas europeias e aposta em uma alternativa aos partidos políticos tradicionais, que se alternaram no poder durante os últimos 40 anos. Esta é uma das opiniões da imprensa francesa desta segunda-feira (26) ao analisar o resultado das urnas gregas.

Extrema-esquerda vence eleições na Grécia.
Extrema-esquerda vence eleições na Grécia. REUTERS/Marko Djurica
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O jornal progressista Libération estampa em sua manchete uma foto de Alexis Tsipras, líder do partido Syriza, e diz que ele é a "nova cara da Europa". "A ampla vitória do partido de esquerda radical abre novas perspectivas para a Grécia e simboliza uma possível inflexão das políticas de austeridade que foram adotadas na Europa", escreve o diário.

Libération afirma que o jovem Alexis Tsipras, de 40 anos, entrou para a história quando depositou seu voto na urna em um bairro popular de Atenas, diante dos olhares do mundo inteiro. Desde o anúncio da vitória da coalizão da esquerda radical, uma multidão - de jornalistas e eleitores anônimos - foi às ruas para assistir a um momento histórico: a primeira vitória de uma esquerda, talvez não tão radical, mas percebida como autêntica, diz o Libé.

Em editorial, o jornal afirma que o voto dos gregos no partido Syriza foi sobretudo de rejeição e incarna uma tripla ruptura: Primeira, de uma classe política tão corrompida quanto ineficaz. Segunda, de uma austeridade europeia punitiva, e a terceira ruptura é de um sistema oligárquico e clientelista já que os gregos optaram por um partido que defende uma reforma do Estado.

Futuro incerto e difícil

“A esquerda radical deve agora enfrentar a dura realidade”, afirma em sua manchete o jornal conservador Le Figaro. Vencedor incontestável das eleições, o partido antiausteridade está muito próximo de conquistar a maioria absoluta de cadeiras no parlamento grego. O fato vem sendo descrito como uma verdadeira tempestade que preocupa a Europa e os mercados financeiros, afirma o jornal conservador.

Em editorial, Le Figaro diz ser fácil entender porque os gregos “se jogaram nos braços de um jovem sem muita experiência política”. A mensagem que os eleitores querem passar é de que já apostaram demais nos outros partidos e não obtiveram sucesso. No entanto, o jornal questiona até que ponto alguém que embolsou dinheiro de seus credores pode agora tentar mudar as regras do jogo.

A referência é ao líder Alexis Tsipras que pretende renegociar a dívida colossal da Grécia que atinge mais de € 321 bilhões. O caso grego será uma grande experiência para todos os europeus, avalia o diário conservador.

A Europa pode mudar com a Grécia?

Essa conquista histórica do Tsipras, que leva pela primeira vez a esquerda radical ao poder em um país da União Europeia, pode obrigar o bloco a se reformar, estima o jornal Le Parisien.

Mas a vitória nas urnas não significa que o governo de Alexis Tsipras será um sucesso. A partir de agora ele terá a difícil missão de cumprir suas promessas, entre elas, o aumento do salário mínimo e a diminuição da dívida grega que chega a 175% do PIB.

O novo líder do país não quer uma saída da Grécia da zona do euro, lembra o jornal. A partir de hoje, o Eurogrupo já estará analisando o caso grego, finaliza Le Parisien.
 

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