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#Guiné-Bissau

Presidente da Guiné-Bissau acusa Simões Pereira de “estar por trás” de tentativa de golpe de Estado

Esta quarta-feira, em entrevista à France 24, o Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, acusou o presidente da Assembleia Nacional, Domingos Simões Pereira, de “estar por trás” de "uma tentativa de golpe de Estado". Esta semana, Simões Pereira falou na dissolução do Parlamento como "golpe de Estado constitucional". Sissoco Embaló anunciou, ainda, a formação de um novo governo “na próxima semana”, o qual vai “propor nova data” para eleições legislativas antecipadas.

Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, em entrevista ao canal televisivo France 24.
Presidente da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, em entrevista ao canal televisivo France 24. © France 24
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Esta quarta-feira, na primeira entrevista desde que denunciou "uma tentativa de golpe de Estado na Guiné-Bissau", o Presidente Umaro Sissoco Embaló insistiu que houve “uma tentativa de golpe de Estado” no país e que “a oposição está por trás”, nomeadamente o presidente da Assembleia Nacional, Domingos Simões Pereira.

Foi uma tentativa de golpe de Estado. Hoje, o Chefe de Estado-Maior mostrou as armas apreendidas. Infelizmente, hoje está na moda na região oeste-africana os golpes de Estado, mas, como eu disse, eles vão sempre falhar na Guiné-Bissau”, afirmou, em entrevista à France 24.

Umaro Sissoco Embaló reiterou que “a oposição está por trás disto” e disse: “Como é o Parlamento que está implicado no golpe de Estado, é por isso que o Presidente, em nome da segurança nacional, tomou a decisão de dissolver o Parlamento”.

Questionado sobre o facto de o presidente da Assembleia, Domingos Simões Pereira, denunciar um “golpe de Estado constitucional”, Umaro Sissoco Embaló acusou-o de ser “ele quem está por trás do golpe de Estado” e disse que há escutas telefónicas que fazem a ligação entre Simões Pereira e o comandante da Guarda Nacional.

O procurador-geral da República deteve o ex-ministro das Finanças e o secretário de Estado para o Tesouro por desvio de fundos de um montante de dez milhões de dólares - é preciso ver o que representa na Guiné-Bissau 10 milhões de dólares e o que podemos fazer com esse montante – e foi quando o presidente da Assembleia deu instruções. Eu estava no Dubai e ele deu instruções ao comandante da Guarda Nacional para os ir buscar à prisão da polícia judiciária para que o inquérito fosse interrompido porque, toda a gente sabe, ele está implicado nesta corrupção”, acusou Umaro Sissoco Embaló.

A Guiné-Bissau é um país com leis e não posso aceitar a desordem aqui na Guiné-Bissau”, declarou.

Ainda que tenha afirmado que “já não há ameaças” e que “há 75 pessoas presas neste momento”, o Presidente guineense acrescentou que “ainda há pessoas a monte” e que o país está “neste momento, em estado de sítio”, precisando que “já não há ameaça de golpe de Estado, mas ainda há pessoas a monte com armas”. Foi assim que Umaro Sissoco Embaló justificou ainda não ter avançado com data para legislativas antecipadas depois de ter dissolvido o Parlamento. “Primeiro temos que garantir a segurança para todos, a população está em pânico”, afirmou.

Como sabe, eu sou Presidente há três anos, não se trata de um debate que o Presidente não queira realizar eleições. Não, eu sou um democrata. Na próxima semana vamos ter um novo Governo e esse Governo vai-me propor novas datas para as eleições legislativas antecipadas. Assim poderei assinar um decreto para fixar a data”, declarou.

 

Domingos Simões Pereira diz que dissolução do Parlamento é golpe de Estado constitucional

Na segunda-feira, o presidente do parlamento guineense, Domingos Simões Pereira, afirmou que a decisão do chefe de Estado de dissolver a Assembleia é um golpe de Estado constitucional, menos de um ano após a constituição da Assembleia.

"A lei fundamental do meu país me diz que a ANP (Assembleia Nacional Popular) não pode ser dissolvida dentro de 12 meses após a sua constituição, independentemente dos argumentos que foram utilizados neste caso, estamos em presença de uma subversão da ordem democrática", disse Simões Pereira.

O presidente da Assembleia notou ainda que não se pode falar de realização de eleições conforme a lei, 90 dias após a dissolução do parlamento, porque, frisou, a decisão actual não está dentro do quadro legal.

"Todos os guineenses têm a consciência do que está a acontecer e nada vai, de forma alguma, em alinhamento com as normas constitucionais, portanto é esperar para ver", destacou Domingos Simões Pereira.

Na segunda-feira, o Presidente guineense dissolveu o parlamento na sequência de uma série de acontecimentos dos últimos dias, nomeadamente a detenção preventiva, pelo Ministério Público, de dois membros do Governo mais tarde retirados das celas da Polícia Judiciária por soldados da Guarda Nacional.

Os membros do Governo, ministro da Economia e Finanças, Suleimane Seidi, e o secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro, estão a ser investigados num processo que a oposição diz ser crime de prevaricação e desvio de normas orçamentais ao pagarem uma dívida de cerca de 10 milhões de dólares a um conjunto de 11 empresários. 

Umaro Sissoco Embaló justificou a decisão de dissolver o parlamento por se tratar de um "caso de corrupção".

Durante a madrugada de sexta-feira e nas primeiras horas do mesmo dia, elementos das Forças Armadas dispararam sobre o quartel da Guarda Nacional para retirar os dois governantes daquelas instalações e que, depois, devolveram às celas da PJ. Desta acção militar morreram duas pessoas.

O Presidente guineense considerou os acontecimentos como uma tentativa de golpe de Estado.

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