EUA fizeram vista grossa a torturas no Iraque, segundo Wikileaks
ONU e Anistia Internacional pedem que EUA investiguem casos de tortura no Iraque, relatados em documentos secretos publicados pelo site Wikileaks. Fundador do site garante autenticidade dos 400 mil documentos publicados. O material também revela 15 mil civis mortos a mais do que o divulgado até então.
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Depois de criar polêmica ao publicar documentos secretos referentes às ações militares no Afeganistão, o site Wikileaks acaba de vazar mais uma carga explosiva na internet: 400 mil novos documentos sobre a guerra no Iraque. Em entrevista coletiva neste sábado em Londres, o fundador do Wikileaks, Julian Assange, declarou que o material divulgado mostra que o exército norte-americano fez “vistas grossas” sobre torturas sistemáticas feitas por forças iraquianas, além de ocultar o numero de vítimas civis do conflito, iniciado em março de 2003.
O material do Wikileaks fornece informações detalhadas sobre a morte de 109 mil iraquianos, sendo que 66 mil eram civis, 15 mil a mais do que a administração Bush alegava. Os documentos foram antecipadamente fornecidos aos jornais Le Monde, da França, ao New York Times, ao britânico The Guardian e à revista alemã Der Spiegel, com a condição de que só fossem divulgados na sexta à noite. Para o New York Times, os documentos não trazem revelações estrondosas, mas fornecem contextos e informações de pessoas envolvidas diretamente nos combates.
O relator especial da ONU sobre a tortura, Manfred Nowak, pediu que o presidente norte-americano, Barack Obama, investigue os casos. Para Nowak, os envolvidos devem ser processados. A Anistia Internacional também pediu a Washington que investigue o quanto as autoridades sabiam sobre os maus tratos a presos no Iraque. A organização de defesa dos direitos humanos com sede em Londres lembrou em um comunicado que, como todos os governos, os Estados Unidos "têm uma obrigação sob o direito internacional de garantir que suas próprias forças não utilizem a tortura e que as pessoas que estão detidas pelas forças americanas não sejam entregues a outras autoridades que possam torturá-las".
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