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Líbia/ protestos

Kadafi ameaça punir manifestantes com pena de morte

O presidente líbio, Muammar Kadafi, fez um pronunciamento nesta terça-feira à nação, no qual ameaçou de morte os manifestantes que ocupam as ruas das principais cidades do país, pedindo que abandone o poder. Kadafi ordenou que o Exército e a polícia assumam o controle da situação.

Kadafi garantiu que se encontra na Líbia, não na Venezuela, desmentindo rumores de que teria deixado seu país.
Kadafi garantiu que se encontra na Líbia, não na Venezuela, desmentindo rumores de que teria deixado seu país. REUTERS/Libya
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Afirmando que “lutaria até a sua última gota de sangue” para se manter no cargo, o ditador, que ocupa a presidência há 41 anos, conclamou os seus apoiadores a criarem comitês para proteger “estradas, pontes e aeroportos” dos manifestantes. “É o meu país, o dos meus pais e dos meus ancestrais”, disse. O ditador jurou que não vai deixar a Líbia e afirmou que está pronto para morrer “como um mártir”, durante seu discurso transmitido ao vivo na televisão. Ele ainda tratou os manifestantes de “ratos e mercenários” que estariam querendo, segundo ele, “transformar a Líbia em um Estado islâmico.

O presidente havia quebrado o seu silêncio na noite de segunda-feira, sua primeira declaração pública desde o início dos protestos no país, na quarta-feira da semana passada. Em uma declaração de 22 segundos transmitida pela televisão local, Kadafi desmentiu os rumores de que havia deixado o país. O dirigente líbio, que aparecia no vídeo sentando em um carro, diante de um prédio parcialmente destruído, disse que estava em Tripoli, e não na Venezuela. Muammar Kadafi qualificou as informações de que teria deixado o país de "falsos rumores" destilados por “canais de televisão maliciosos" que pertenceriam a "cães errantes".

Na segunda-feira, em Bruxelas, o chefe da diplomacia britância, Wiliam Hague, havia afirmado ter recebido informações de que o dirigente líbio estaria viajando para a Venezuela. A tensão e a repressão aumentam a cada dia na Líbia. Informações divulgadas pela emissora de Al Jazira indicam que aviões das forças armadas abriram fogo com balas reais contra os manifestantes que protestavam na capital. A informação foi confirmada hoje pelo ex-embaixador da Líbia na Índia, Ali Essaoui, que pediu demissão do posto para protestar contra a violenta repressão do governo de Muammar Kadafi, no poder há mais de 40 anos.

ONGs internacionais estimam entre 300 e 400 o número de mortos em uma semana de protestos, que foram violentamente reprimidos pelas autoridades. Um analista britânico em Oriente Médio, em entrevista à agência de notícias France Press, disse que os ataques aéreos contra a própria população representam um ato desesperado do regime de Kadafi. "Se o líder de um país manda bombardear a sua própria capital é porque não vê mais saída."

O Conselho de Segurança das Nações Unidas se reúne nesta terça-feira para discutir a situação na Líbia. Ontem, o secretário-geral da ONU, Ban Ki Moon, declarou ter ficado indignado com as informações de que os militares teriam atirado com balas reais contra os manifestantes. 

A ONU evoca a possibilidade de que crimes contra a humanidade tenham sido cometidos pelo regime de Kadafi e defende a abertura de uma investigaçao independente. A Liga Árabe também realiza hoje reunião de urgência sobre a crise.

Pistas de aeroporto são destruídas

As pistas do aeroporto de Benghazi, a segunda principal cidade líbia, foram bombardeadas e danificadas na manhã de hoje, impedindo o trânsito de aviões. A informação foi divulgada pelo chefe da diplomacia egípcia, Ahmad Aboul Gheit, ao anunciar que os voos da empresa EgyptAir não podem mais aterrisar na cidade. Dois aviões egípcios que haviam sido enviados a Trípoli para resgatar cidadãos egípcios puderam pousar sem problemas na capital.

 

"A gente está em mais de 50 pessoas em uma casa."

00:32

Karla Costa, brasileira que mora na Líbia

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