Europeus divididos sobre possível cessar-fogo da Otan na Líbia
Enquanto a Itália pede a suspensão dos ataques aéreos da Otan contra a Líbia para permitir a entrada de ajuda humanitária, a França é contra a proposta e argumenta que um cessar-fogo levaria o ditador líbio, Muammar Kadafi, a "ganhar tempo e se reorganizar".
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Um erro fatal da Organização do Tratado do Alântico Norte (Otan), que iniciou em março uma intervenção aérea na Líbia, está dividindo países europeus sobre o futuro da ação militar contra o regime de Kadafi. A Otan reconheceu sua falha ao matar nove civis durante um bombardeio noturno na capital Trípoli, no último domingo, entre eles cinco pessoas da mesma família.
A reação da Itália foi incisiva. O ministro italiano das Relações Exteriores, Franco Frattini, pediu nesta quarta-feira que a Otan ofereça dados concretos sobre "erros dramáticos" cometidos em seus bombardeios e afirmou que a aliança coloca sua credibilidade em jogo quando mata civis. Diante de uma comissão da Câmara de Deputados italiana, Frattini enviou uma mensagem à Otan para que os ataques aéreos contra a Líbia sejam suspensos imediatamente. Isso permitiria a criação de corredores humanitárias para atender a população, principalmente nas imediações de Misrata e na capital Trípoli.
O secretário-geral da Liga Árabe, Amr Moussa, fez coro e declarou, nesta quarta-feira, em Londres, que "chegou a hora de fazer tudo o que for possível para obter uma solução política para a crise, começando por um verdadeiro cessar-fogo".
A França, por sua vez, rejeita a proposta de fazer uma pausa nas operações militares e prefere intensificar a pressão sobre o regime. O porta-voz do Ministério francês das Relações Exteriores, Bernard Valero, afirmou que parar agora significaria dar oportunidade ao ditador Muammar Kadafi de ganhar tempo e se reorganizar.
Ação da Otan entra em nova etapa
Em reação às críticas, a Otan afirmou que vai tomar todas as precauções para evitar novas perdas civis na Líbia. Sua nova estratégia para acuar os partidários de Kadafi é visar pontos de controle montados pelas forças do ditador nas estradas que levam à capital, além de veículos militares equipados com mísseis.
Cerca de 15 países já reconheceram o Conselho Nacional de Transição, criado pelos opositores de Kadafi, como legítimo representante da Líbia. Nesta quarta-feira, foi a vez do governo chinês anunciar seu reconhecimento do braço político dos rebeldes líbios como interlocutor importante de Pequim.
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