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Líbia/Crise

Rebeldes anunciam fim da era Kadafi. Paradeiro de ex-ditador é um mistério

O chefe do Conselho Nacional de Transição (CNT), órgão político da rebelião, Moustapha Abdeljalil, afirmou nesta segunda-feira que a era Kadafi “chegou ao fim” e que espera capturar o ditador vivo para que ele responda a seus crimes perante à justiça. Desde que os rebeldes entraram em Trípoli, Kadafi desapareceu e ninguém sabe o seu paradeiro.

Ninguém sabe o paradeiro de Muammar Kadafi.
Ninguém sabe o paradeiro de Muammar Kadafi. Reuters
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Durante a entrevista coletiva realizada em Benghazi, cidade do leste da Líbia conhecida como a capital do movimento de oposição ao regime, Abdeljalil afirmou desconhecer o paradeiro de Kadafi e confirmou que os combates prosseguiam na capital, especialmente nos arredores do QG do ditador, na periferia da capital.

“Não podemos dizer que tomamos totalmente o controle de Trípoli. Bab al-Alziziya e lalgumas áreas ao redor ainda não estão sob nosso contrôle e, consequentemente, não sabemos se Kadafi se encontra lá”, afirmou. “Esperamos capturar Kadafi com vida para que ele tenha um processo justo”, completou o chefe do CNT.

Apesar do desejo de encontrar o ex-ditador com vida, ninguém sabe o verdadeiro local onde Muammar Kadafi estaria refugiado, alimentando os rumores de que ele poderia estar escondido em sua terra natal, Syrte, ou ter deixado o país.

O chanceler francês, Alain Juppé, e o primeiro-ministro britânico, David Cameron, disseram não ter informações sobre o local onde se encontra o ditador que governou a Líbia por 42 anos. 

O chefe do CNT, Moustapha Abdeljalil, no entanto, confirmou que os dois filhos do ditador, Mohamed et Seif al-Islam, estão em " boas mãos e sob controle dos nossos revolucionários”. “Gostaria de parabenizar o povo líbio por essa vitória histórica. Os jovens revolucionários escreveram uma página épica e heróica da nossa história”, comemorou.

O chefe do Conselho também rendeu homenagens ao apoio da comunidade internacional que, segundo ele, impediram verdadeiras “catástrofes humanas e massacres que estava a ponto de começar”. Abdeljalil agradeceu particularmente os “países que nos apoiaram desde o início da revolução.”

Reações

O avanço dos rebeldes sobre a capital Trípoli foi acompanhado de perto por vários países que manifestaram reconhecimento oficial e apoio ao Conselho Nacional de Transição. O Egito, através de seu chanceler Mohamed Amr, reconheceu oficialmente o CNT como novo governo da Líbia. A Embaixada líbia em Rabat anunciou nesta segunda-feira seu apoio ao Conselho de Transição e também confirmou que o governo do Marrocos reconhecia oficialmente o CNT como legítimo representante do povo líbio, assim como já fizera a Tunísia .

Os rebeldes anunciaram ter tomado o controle da televisão estatal líbia. “Os revolucionários atacaram o prédio da tevê estatal após terem matado militares que faziam a segurança do local. A TV agora está sob nosso controle”, afirmou um porta-voz dos rebeldes. Após o ataque, a emissora saiu do ar.

Temor

O chefe do Conselho Nacional de Transição evocou nesta segunda-feira uma possível demissão para protestar contra os atos de vingança cometidos por certos rebeldes no campo de batalha.

“Parabenizo a ação dos líderes revolucionários, tenho confiança nas suas palavras, mas alguns atos de seus comandados me preocupam”, declarou Moustapha Abdeljalil, ao se referir a “certos atos de vingança”. “Isso pode ser motivo ou a causa da minha demissão”, alertou Abdeljalil durante uma entrevista coletiva em Benghazi.

“Os revolucionários promoveram uma revolução contra o regime, primeiramente através de manifestações pacíficas. Eles assumiram a responsabilidade de lutar com armas e garantir a segurança das nossas cidades”, explicou.

“Meu temor hoje é em relação a ações fora da lei, realizadas foram do âmbito das ordens de líderes revolucionários, particularmentes os atos de vinganças”, expressou Abdeljalil, ex-ministro da Justiça de Kadafi, que se juntou à rebelião contra o regime. “ Eu me oponho com firmeza a qualquer execução sumária”, acrescentou. “Espero que os líderes revolucionários estejam à altura de suas responsabilidades”, completou.

 

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