Americanos libertados relatam os dois anos de prisão no Irã

O dois norte-americanos presos quando faziam uma caminhada na fronteira entre o Irã e o Iraque desembarcaram em Nova York neste domingo após mais de dois anos de detenção. Eles relatam as condições da prisão e dizem terem sido detidos apenas por causa de sua nacionalidade.

Josh Fattal (e) e Shane Bauer contam o que viveram durante a detenção no Irã. Reuters

Josh Fattal e Shane Bauer, ambos de 29 anos de idade, que ficaram presos durante 781 dias no Irã, contaram pela primeira vez as condições de detenção. “Nós fomos mantidos em isolamento quase integral durante mais de dois anos”, relatou Fattal. Ele descreve a situação como um verdadeiro “pesadelo”, e disse que durante todo o período em que esteve detido só falou com seus familiares durante 15 minutos. O jovem não poupa críticas às autoridades iranianas, e diz que chegou a fazer greves de fome para poder receber as cartas de seus parentes.

Fattal, que foi detido quando fazia uma caminhada na fronteira entre o Irã e o Iraque, diz ter sido preso apenas porque era norte-americano. Acusado de espionagem e entrada ilegal no país, ele considera a sua detenção como um seqüestro. “Estava claro desde o início que havíamos sido seqüestrados. Apesar de ter consciência de nossa inocência, o Irã sempre associou nosso caso às disputas políticas com os Estados Unidos”, afirmou o jovem, que trabalha no setor ambiental.

Shane Bauer também insiste em sua inocência. “Nenhuma prova contra nós foi apresentada. Nós nem sabíamos se havíamos realmente cruzado a fronteira” entre os dois países, analisa o rapaz, que antes de ser detido trabalhava como jornalista independente na Síria.

Os dois jovens foram condenados a oito anos de prisão. A liberdade só foi conseguida graças à mediação de Omã e uma fiança de 400 mil dólares para cada um dos detentos. Sarah Shourd, a noiva de Bauer, que foi presa ao mesmo tempo, foi libertada há um ano após o pagamento de uma fiança de 500 mil dólares. Eles alegam terem cruzado a fronteira por engano.