Annan denuncia cumprimento parcial de plano de paz na Síria
O emissário especial da ONU e da Liga Árabe para a crise na Síria, Kofi Annan, declarou nesta terça-feira que o regime de Bashar al-Assad está cumprindo parcialmente o acordo de paz previsto para entrar em vigor a partir de hoje. "Os tanques do Exército se retiraram de algumas zonas urbanas, mas entraram em outras áreas onde não tinham estado antes", disse Annan.
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Depois de visitar pela manhã um campo de refugiados sírios na Turquia, Kofi Annan afirmou que ainda é cedo para dizer que o plano de paz fracassou. Ele preferiu reiterar o pedido de fim dos combates, sem pré-condições, até quinta-feira.
Ainda hoje foram vistos confrontos entre soldados e rebeldes em várias cidades sírias. Segundo militantes dos direitos humanos, o Exército sírio bombardeou várias localidades, causando novas mortes.
Pelo acordo acertado com a ONU e a Liga Árabe, as forças do regime têm prazo até meia-noite de hoje no horário local, 18h em Brasília, para deixar os centros urbanos, enquanto os rebeldes têm até a madrugada de quinta-feira para entregar as armas e cumprir o cessar-fogo.
A França criticou a atitude do regime sírio. "Damasco não está cumprindo o plano de paz, é só mais uma mentira flagrante e inaceitável", disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores francês, Bernard Valero. "A comunidade internacional precisa reagir contra este sentimento de impunidade", acrescentou. Os embaixadores da França e Alemanha na ONU também denunciaram a farsa orquestrada pelo regime de Damasco. "Assad não está respeitando pelo menos dois pontos do plano Annan, a retirada dos militares das ruas e o abandono das armas pesadas", disse o embaixador francês Gérard Araud. Paralelamente, China e Rússia pediram a Assad que cumpra o cessar-fogo.
A Turquia denunciou hoje a violação de seu território pelas tropas do regime sírio, que perseguem os refugiados além da linha de fronteira que se estende por 900 km. Ex-aliada da Síria, com laços econômicos estreitos com o país vizinho, a Turquia rompeu relações com o regime de Assad quando começou a repressão e instalou três campos de refugiados em zonas limítrofes. Esses campos já abrigam 25 mil refugiados sírios.
A Síria, o Irã e a Coreia do Norte estarão no centro dos debates de chefes da diplomacia do G8, que acontece nesta quarta-feira, em Washington.
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