Rússia e oposição rejeitam proposta de governo de transição
O destino do presidente Al- Assad deve ser decidido pelo próprio povo sírio, declarou nesta quinta-feira o ministro russo das Relações Exteriores, Serguei Lavrov, em reação à proposta feita pelo mediador internacional da ONU e da Liga Árabe, Kofi Annan, de um governo de transição na Síria que teria membros do regime do ditador Bashar al-Assad e partidários de oposição.
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A principal força de oposição síria adiantou que não participa de nenhum governo enquanto Al-Assad estiver no poder. "A oposição ainda não recebeu os detalhes da proposta do emissário Annan ... mas a postura permanente é de que ela se recusa a participar de qualquer projeto político enquanto Assad não for afastado do poder", indicou à agência AFP Georges Sabra, porta-voz do Conselho Nacional Sírio.
Os cinco países membros permanentes do Conselho de Segurança - Rússia, China, Estados Unidos, Grã-Bretanha e França-, apoiam a ideia de Annan que será discutida sábado, em Genebra, em uma reunião com ministros das Relações Exteriores de vários países.
A secretária de estado norte-americana, Hillary Clinton, que se encontra nesta sexta-feira com o chanceler russo, em São Petersburgo, apoia o plano de Annan, que, segundo ela, traça um "plano bem concreto para a transição política na Síria".
Moscou não vai apoiar nenhuma imposição de uma solução externa para o conflito sírio, insistiu o chanceler Lavrov, fazendo um apelo para que a comunidade internacional não faça nenhum julgamento precipitado do resultado do “diálogo” a ser instaurado entre os sírios.
“A Rússia não pode apoiar e não apoiará nenhuma receita imposta do exterior”, afirmou Lavrov durante a entrevista coletiva concedida em Moscou.
O chanceler russo afirmou que nenhum projeto ainda foi aprovado para ser discutido na Conferência Internacional sobre a Síria marcada para esta sexta-feira, na sede da ONU. Lavrov também julgou que a exclusão do Irã para a reunião do final de semana para discutir a crise síria é um “erro” e acusa os Estados Unidos de adotar “dois pesos e duas medidas” ao se opor à presença de Teerã na mesa de discussões.
"O Irã é um ator influente nesta situação e acho que descartar a presença deste país do encontro em Genebra é um erro”, afirmou.
Violência
Nessa quarta-feira, pela primeira vez em 15 meses de revolta, um canal de tevê estatal foi alvo de um violento atentado perto de Damasco. Na quarta-feira, mais 150 pessoas morreram na Síria, a maiora civis, em bombardeios e enfrentamentos em várias regiões do país, segundo o Observatório sírio de Defesa dos Direitos Humanos. Os combates violentos se intensificaram principalmente nos arredores de Damasco.
O governo da Turquia informou não ter a intenção de dar uma resposta militar ao ataque da Síria, que abateu na semana passada um avião de combate turco.
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