Uma pessoa é morta durante eleições históricas na Líbia
As primeiras eleições na Líbia em quase 60 anos transcorreram bem em 98% das seções eleitorais, conforme a Comissão Eleitoral, assessorada por observadores da ONU e de ONGs. Entretanto, uma pessoa morreu e outra ficou ferida neste sábado, quando um homem que ainda não foi identificado abriu fogo nas proximidades de um colégio eleitoral no leste do país, disse um policial.
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O ataque aconteceu na cidade de Ajdabiya, palco de numerosos incidentes durante os comícios para eleger a primeira Assembleia Nacional do país, após décadas de ditadura de Muammar Kadafi, deposto e assassinado outubro de 2011. Os colégios eleitorais começaram a fechar suas portas às 20h (15h de Brasília) em Trípoli e Benghazi (leste), a cidade que iniciou os levantes contra o regime. Números preliminares apontam a participação de 60% do eleitorado.
O chefe da Comissão Eleitoral, Nuri al-Abar, afirmou que em "alguns centros de votação tiveram que fechar as portas durante uma parte do dia no leste”. A semana foi marcada por tensões no leste do país, onde os partidários de uma maior autonomia pedieram o boicote da votação e ameaçaram sabotar as eleições para denunciar a divisão de cadeiras da futura assembleia (100 vagas para o oeste, 60 para o leste e 40 para o sul).
Al-Abar declarou que 98% dos locais de votação funcionaram normalmente, embora cerca de 100 das 1.554 seções eleitorais não tenham podido abrir as portas devido à insegurança. Apesar dos incidentes e da morte, o clima era de festa na maior parte dos locais de votação. “A minha alegria é indescritível. É um dia histórico”, comemorou Fawziya Omran, 40 anos,em frente a uma escola da capital, Trípoli. “Me sinto um cidadão livre”, disse Ali Abdallah Derwich, 80 anos, em uma cadeira de rodas.
Oito meses após o final do conflito armado, 2,8 milhões de eleitores estavam aptos a participar das eleições. Até às 16h (horário local), 1,2 milhões de líbios – 40% do total – já haviam votado.
Havia 2.702 candidatos, de mais de 100 partidos, para disputar as 200 vagas da nova Assembleia. As principais formações políticas são o Partido da Justiça e da Construção – derivado da Irmandade Muçulmana -, o Al-Watan, dirigido pelo controverso ex-chefe militar Abdelhakim Belhaj, e os laicos liberais, liderados pelo ex-primeiro-ministro do Conselho Nacional de Transição (CNT), Mahmoud Jibril. Os islamistas esperam obter o mesmo sucesso que seus vizinhos tunisianos e egípcios, mas os prognósticos são difíceis a elaborar, devido à diversidade da população líbia.
O presidente do CNT, Moustapha Abdeljalil, votou na sua cidade natal, Baïda, no leste, e disse que o dia de hoje marca “os fundamentos de uma nova Líbia”. O conselho será extinto após a proclamação dos resultados das eleições.
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