Governo e oposição firmam acordo contra violência no Egito
Os principais dirigentes da oposição egípcia e do movimento islâmico radical Fraternidade Muçulmana, próximo do presidente Mohamed Morsi, assinaram nesta quinta-feira um acordo rejeitando toda violência. A situação está mais calma nas ruas da capital Cairo, depois de quase uma semana de manifestações que deixaram ao menos 56 mortos.
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Os representantes dos diferentes campos se encontraram nesta quinta-feira graças à mediação do reitor da universidade e da mesquita Al Azhar, uma das mais altas autoridades do Islã sunita.
Entre os signatários do acordo figuram Mohamed el-Baradei, coordenador da Frente de Salvação Nacional (FSN), principal coalizão da oposição, e Hamdine Sabahi, líder da esquerda herdeira dos ideiais de Nasser e também membro da FSN.
"Saímos dessa reunião com um certo otimismo", declarou Mohammed El-Baradei. "Cada um de nós vai fazer o que puder, com a maior boa vontade, para reconstruir a confiança entre os diferentes elementos da nação egípcia".
Vários partidos, incluindo o Corrente Popular, o movimento de Hamdine Sabahi mantiveram no entanto a convocação para uma nova manifestação nesta sexta-feira diante do palácio presidencial no Cairo.
Governo de união
Do lado dos partidários de Mohamed Morsi, participaram da reunião Mahmoud Ezzat, o número dois da Fraternidade Muçulmana, e Saad el Katatni, presidente do Partido da Liberdade e da Justiça, o braço político do movimento.
"Não há outra solução além do diálogo para os problemas encontrados na trasição democrática do país, e o diálogo deve repousar sobre bases e garantias, e não condições prévias", declarou Saad el Katatni, dizendo que esse era um dia "histórico".
No início da semana Mohamed Morsi chamou seus opositores para participarem de um "diálogo nacional", mas o FSN se recusa a participar enquanto o presidente não tiver formado um governo de união nacional, que incluiria também Al Nour, o mais importante partido salafista.
Em visita nesta quarta-feira a Berlim, Morsi não falou sobre isso, e disse apenas que o Egito é um Estado de direito, "nem militar nem teocrático", dirigido por um governo cuja composição vai depender do resultado das eleições legislativas previstas para abril.
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