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Bangladesh/Tragédia

Multidão exige prisão de dono de prédio que desabou em Bangladesh

Centenas de trabalhadores do setor têxtil revoltados com o desabamento do prédio de confecções que deixou 300 mortos, quarta-feira, em Bangladesh, fazem um violento protesto hoje nas ruas de Savar, onde ficava o edifício, na periferia de Daca. Os manifestantes incendiaram pneus, carros e exigem do governo a prisão dos donos das confecções e do proprietário do prédio, acusados de negligência. A polícia dispersa a manifestação com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio.

Parentes choram a perda de familiares que trabalhavam no prédio de confecções Rana Plaza, na periferia de Daca, capital de Bangladesh.
Parentes choram a perda de familiares que trabalhavam no prédio de confecções Rana Plaza, na periferia de Daca, capital de Bangladesh. REUTERS/Andrew Biraj
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As operações de resgate nos escombros do Rana Plaza continuam numa luta contra o tempo para encontrar sobreviventes. O balanço mais recente divulgado pelas autoridades revela que pelo menos 300 pessoas morreram. Ontem à noite, 41 pessoas foram resgatadas com vida, cerca de 40 horas após o acidente. No total, 2 mil pessoas conseguiram sair dos escombros, a metade delas está ferida, enquanto outras mil pessoas continuam desaparecidas. Estima-se que 3.122 pessoas trabalhavam no local, mas não se sabe exatamente quantas estavam presentes na hora do desabamento.

A tragédia no Rana Plaza expõe as condições de trabalho degradantes das vítimas e o descaso das autoridades bengalesas. Os trabalhadores que morreram ali ou se feriram gravemente ganhavam em média 37 dólares por mês, 74 reais, por um número de horas de trabalho 'a combinar'. O prédio não respeitava as normas de segurança e quatro andares a mais tinham sido construídos recentemente, sem alvará.

Na véspera da tragédia, vários locatários foram prevenidos por agentes públicos do risco de desabamento. As rachaduras eram visíveis na fachada, mas só uma agência bancária e alguns lojistas não abriram na quarta-feira, temendo o pior. A grande maioria dos trabalhadores se apresentou ao trabalho para cumprir os prazos acertados com os clientes, marcas europeias e americanas como Mango, Primark e Walmart. As grandes marcas são atraídas pela mão-de-obra barata − que trabalha para comer e mesmo assim vive na miséria −, enquanto as roupas produzidas são vendidas a preços vinte, trinta vezes superiores nos países ricos e emergentes.

O dono do Rana Plaza, o imóvel que desabou, é um político próximo do partido do primeiro-ministro Sheikh Hasina. Diante da maior tragédia industrial da história do país, o governo decretou um dia de luto nacional nessa quinta-feira. O luto é pouco para os trabalhadores pobres do setor, que estão nas ruas pedindo a prisão dos proprietários do prédio e dos ateliês de costura que não respeitaram a vida dos empregados.

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