Há um mês da eleição presidencial, governo do Irã reforça controle sobre Internet e mídia
Faltam apenas quatro semanas para a eleição presidencial no Irã. Será a primeira votação para presidente desde 2009, quando o regime esmagou manifestantes que contestavam a reeleição do conservador Mahmoud Ahmadinejad. Para evitar novos protestos, as autoridades estão fechando o cerco contra a Internet e a mídia e o governo americano denuncia uma onda repressiva antes do voto. Mas até agora o maior sinal de nervosismo está na disputa política, por causa de dois candidatos incômodos para o regime.
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O regime do Irã tem duas prioridades para a eleição de 14 de junho. A primeira é organizar uma votação tranquila, já que a reeleição de Ahmadinejad em 2009 havia terminado com dezenas de mortos e centenas de manifestantes presos e torturados.
Desta vez o regime está diminuindo a velocidade da conexão à Internet e reforçando o bloqueio às redes sociais como Facebook e Twitter, que haviam ajudado manifestantes a se organizar. A polícia anunciou a criação de novas unidades para monitorar a internet e caçar dissidentes.
As autoridades também estão nervosas com a mídia. Jornalistas foram alertados a não publicar notícias sobre possíveis fraudes.
O próprio líder supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei, avisou que a população deve apoiar, e não contestar as autoridades.
A segunda prioridade do regime é tentar eleger um presidente mais leal ao líder supremo do que Ahmadinejad, que não pode concorrer novamente devido à limitação de mandatos.
Depois de ser reeleito com o apoio do regime, Ahmadinejad rompeu com o líder supremo e passou os últimos anos contestando a autoridade máxima do país.
Mesmo fora da disputa, Ahmadinejad tenta emplacar seu chefe de gabinete, Esfandiar Mashaí.
Mas o regime detesta Mashaí, visto como nacionalista demais e muçulmano de menos. Portanto ele talvez seja barrado da eleição pelo órgão encarregado de avaliar as credenciais islâmicas dos candidatos.
Se Mashaí não for autorizado a concorrer, Ahmadinejad ameaça revelar segredos comprometedores para o regime.
Mas a maior dor de cabeça de Khamenei é a inesperada entrada na disputa de outro candidato incômodo, que é poderoso demais para ser impedido de concorrer.
Esse candidato é o ex-presidente centrista Rafsanjani, que governou o país nos anos 90 e é uma mistura de clérigo e empresário.
Rafsanjani é visto com desconfiança pelo regime desde que apoiou os protestos de 2009, justamente por alinhar-se com a oposição. Ele tem apelo popular e é um dos favoritos.
Já os candidatos conservadores em sua maioria são pouco conhecidos, e além disso estão divididos. Nesse cenário, a eleição talvez não seja tão tranquila quanto o regime gostaria.
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