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Síria/Armas

Repórteres do Le Monde filmam uso de gases tóxicos na Síria

O repórter Jean-Philippe Rémy e o fotógrafo Laurent Van der Stockte, do jornal Le Monde, acabam de retornar a Paris depois de passar dois meses clandestinamente na Síria. Eles constataram um fato grave: as forças do presidente Bashar al-Assad têm usado gases tóxicos contra os rebeldes na região de Damasco. Hoje, uma jornalista da TV estatal síria Al Ijbariya (foto) morreu enquanto fazia a cobertura da batalha pelo controle da cidade de Quseir.

A jornalista síria Yara Abas, morta hoje na região de Quseir, em foto não datada divulgada pela agência oficial síria Sana.
A jornalista síria Yara Abas, morta hoje na região de Quseir, em foto não datada divulgada pela agência oficial síria Sana. SANA/Handout via Reuters
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Remy e Van der Stockte, do Le Monde, filmaram o lançamento de gases tóxicos contra combatentes do Exército Sírio Livre no bairro de Jobar, na periferia da capital. Eles puderam testemunhar que civis e combatentes têm sido expostos há vários meses a gases que provocam fortes dores de cabeça, falta de ar, tosse com sangue, náuseas e vômitos. Médicos que socorreram pessoas atingidas por esses produtos confirmam os efeitos neurólogicos tóxicos. Os médicos sírios acham que o regime está usando gás sarin.

O Le Monde afirma, em seu site, que o jornal não tem a prova incontestável do uso de armas químicas na Síria. Nem todo gás tóxico é uma arma química proibida pelas convenções internacionais, explica o jornal. Por outro lado, o Le Monde argumenta que o emprego de produtos tóxicos nos combates é uma arma de guerra. Somente uma análise científica, a partir de amostras, poderia estabelecer se armas químicas proibidas estão sendo usadas na Síria, afirma o Le Monde.

Recentemente, o presidente americano, Barack Obama, alertou Bashar al-Assad que os Estados Unidos não iriam tolerar o uso de armas químicas no conflito, podendo haver uma reação de Washington.

Na reportagem de Rémy e Van der Stockte, na localidade de Jobar, ouve-se um rebelde afirmar que a revolução síria "é uma revolta solitária, ninguém veio nos ajudar". "Queremos que outros países nos apóiem. Olhem, estamos sentados aqui e eles estão nos bombardeando com armas químicas. Temos de vestir as máscaras", diz o rebelde. Os jornalistas do Le Monde também se sentiram mal depois de aspirarem os gases.

Jornalista síria morre em Quseir

Nesta segunda-feira, a jornalista Yara Abas, que trabalhava na TV estatal síria Al Ijbariya, foi morta quando fazia uma reportagem na cidade de Quseir, onde tropas do regime e rebeldes travam combates sangrentos. O Ministério da Informação divulgou um comunicado dizendo que ela "passa a engrossar a fila de mártires mortos nas mãos dos terroristas perto do aeroporto de Dabaa", ao norte de Quseir. Segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), ong próxima dos rebeldes baseada em Londres, a jornalista foi atingida por um franco-atirador. Abas tinha apenas 26 anos e era originária de Homs.

O Exército sírio, apoiado pelo grupo radical xiita libanês Hezbollah, luta desde o dia 19 de maio para retomar o controle de Quseir, reduto rebelde considerado estratégico para os dois campos inimigos.

Embargo de armas

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia se reúnem nesta segunda-feira em Bruxelas para encontrar um meio de vencer as resistências internas no bloco, e talvez suspender o embargo da venda de armas do bloco à Síria. O embargo vence no final do mês. Paris e Londres defendem que os europeus entreguem armas aos rebeldes, uma medida não consensual.

Hoje à noite, o chanceler francês Laurent Fabius recebe aqui em Paris o secretário de Estado americano, John Kerry, e o chanceler russo, Serguei Lavrov, para discutir a organização da conferência internacional de paz sobre a Síria, que deve acontecer em junho, em Genebra. O regime de Damasco aceitou participar do encontro, mas os rebeldes ainda não deram uma resposta.

Líbano cada vez mais envolvido na guerra síria

O vizinho Líbano está sendo arrastado para a guerra por causa do conflito na Síria, especialmente após o discurso do líder do movimento xiita radical Hezbollah, no sábado, reafirmando total e contínuo apoio ao regime sírio. Dois foguetes atingiram áreas na periferia de Beirute, neste domingo, ferindo quatro pessoas. Ontem à noite, um foguete lançado do sul do Líbano caiu em Israel.

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