Milhares de pessoas saem às ruas na Tunísia em protesto contra o governo

A oposição tunisiana mobilizou dezenas de milhares de pessoas nessa terça-feira, 13 de agosto, em Tunis, em um protesto contra os dirigentes da nação. Os manifestantes aproveitaram o Dia da Mulher no país para pedir a demissão do governo islamita, acusado de promover um retrocesso nas condições de vida das tunisianas desde que controla o poder.

Manifestação em Tunis contou com a participação de milhares de mulheres. REUTERS/Anis Mili

A manifestação foi realizada diante da Assembleia Nacional Constituinte (ANC), em Tunis. O local se tornou o centro da contestação na capital tunisiana desde a morte do deputado da oposição Mohamed Brahmi, em 25 de julho. Segundo os organizadores, dezenas de milhares de pessoas aderiram ao protesto. Os partidários do governo também saíram às ruas, mas a mobilização teve menos sucesso e contou apenas com algumas centenas de participantes.

A escolha de 13 de agosto para a realização da manifestação foi simbólica. A data marca o aniversário da assinatura, em 1956, de um código de conduta que concede às mulheres do país uma série de direitos elementares inexistentes nas demais nações árabes. Mas desde a entrada no poder do partido de tendência islamita Ennahda, o governo vem tentando mudar a Constituição, com novas leis que não garantiriam a igualdade entre tunisianos e tunisianas. O protesto foi marcado com slogans como “a tunisiana é livre, fora os irmãos muçulmanos”, e “a tunisiana é muçulmana mas não é islamita”.

A coalizão de oposição, formada por grupos políticos que vão da extrema-esquerda a centro-esquerda, já anunciou que uma nova mobilização está sendo organizada para a próxima semana. Eles reivindicam a dissolução do governo a partir de 24 de agosto. O Ennahda, que controla o poder no país, rejeita as reivindicações dos opositores, mas propõe uma abertura do governo atual a todas os partidos.