Lisboa 1942. Lá fora é a segunda guerra mundial e Portugal vive orgulhosamente só. Este é o cenário de um filme que estreou há pouco mais de uma semana aqui em França, "A uma hora incerta", o segundo filme do realizador de origem portuguesa Carlos Saboga, conhecido nomeadamente pelos guiões que escreveu para o cineasta chileno Raul Ruiz, um deles tendo sido o sucesso de bilheteira "Os mistérios de Lisboa".
Nesta nova fita de Carlos Saboga na Lisboa dos anos 40, em plano regime salazarista, dois refugiados franceses, Boris e Laura, são interceptados na Baixa e em seguida escondidos clandestinamente num hotel ao abandono por um agente da polícia, o "Vargas" desempenhado por Paulo Pires, seduzido pela beleza da francesa. Neste hotel feito de sombras e contraluz, mora a esposa doente -espécie de metáfora de um país também adormecido- e uma filha adolescente, a "Ilda" personificada por Joana Ribeiro, que descobre a sexualidade e fantasias de incesto com o pai, na leitura do Antigo Testamento. A autoridade e o medo também estão presentes, na figura do agente da polícia "Jasmim" desempenhado por um Pedro Lima à caça dos refugiados franceses para ganhar uns extras, um cenário cheio de simbolismos plantado pelo realizador Carlos Saboga.
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