Activista indiana põe fim a greve de fome de 16 anos

A activista indiana Irom Sharmila pôs fim hoje a uma greve de fome que cumpriu durante 16 anos em protesto contra uma lei que dá poderes especiais às forças armadas em certas zonas da Índia.

Indiana Irom Sharmila Reuters

Irom Sharmila começou a greve de fome a 5 de Novembro de 2000, três dias depois de soldados indianos terem assassinado dez civis que estavam numa paragem de autocarro da povoação de Malom, no estado de Manipur, como represália por um ataque à bomba contra uma coluna militar.

A activista indiana dedicou 16 anos da sua vida a combater a Lei dos Direitos Especiais das Forças Armadas, aprovada em 1958 e que permite ao exército central actuar à margem do sistema judicial na região nordeste da Índia.

Desde 2000, a activista indiana de 44 anos não ingeriu nenhum alimento voluntariamente. Durante 16 anos foi alimentada à força por uma sonda nasal.

Depois de ter iniciado a sua greve de fome, a activista foi presa por tentativa de suicídio, considerado um crime na Índia. Irom Sharmila tornou-se um ícone internacional da defesa dos direitos humanos.

À saída de um tribunal de Imphal, capital do estado de Manipur, onde foi libertada sob caução, depois de assumir um acordo escrito, como dá conta a agência noticiosa francesa France-Presse, a activista disse que "não é claro" se vai mesmo poder ficar em liberdade.

Pouca terá sido a interacção da activista conhecida como "dama de ferro de Manipur" com a comunicação social que a esperava à saída do tribunal. Irom Sharmila foi levada para o hospital-prisão Jawaharlal Nehru, em Imphal, onde esteve confinada nos últimos anos.

A activista anunciou uma mudança de estratégia, pôs fim à greve de fome e anunciou que tenciona candidatar-se nas eleições regionais de 2017, de forma independente.

“A única maneira de conseguir mudar alguma coisa é através do processo eleitoral. Vou candidatar-me como independente a Malom”, disse a activista.