Itália: referendo das incertezas
Os italianos foram domingo às urnas sob proposta do Primeiro-Ministro Matteo Renzi,para um referendo que tem como objectivo reformar as regras do jogo parlamentar e da vida política na Itália.Renzi que aposta numa vitória do "sim" para transformar a vida política italiana ,anunciou qpe aparesentará a sua demissão das funções de chefe do governo. Segundo os analistas, uma vitória do "não" poderá mergulhar a Itália, bem como a União Europeia numa período de incerteza, numa altura em que se constata na Europa o ressurgimento dos extremismos.
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A campanha que antecedeu o escrutínio deste domingo foi marcado por um acérrimo debate sobre as instituições italianas, cujo modelo de funcionamento data de há 68 anos, fim da Segunda Guerra Mundial e tem segundo os seus detractores o selo desastroso do fascista Benito Mussolini, que governava a Itália durante o referido conflito . O Primeiro-Ministro Matteo Renzi que decidiu demitir-se em caso da derrota do "sim", tenciona nomeadamente limitar os poderes do Senado italiano.
As últimas sondagens datando do 18 de Novembro, davam como vencedor o segmento da população favorável ao "Não" . Todavia paralelamente, a indecisão de um quarto do eleitorado faz pairar uma incerteza sobre o desfecho do referendo . Matteo Renzi que personalizou o referendo considera que é para os italianos a grande oportunidade para afastar, segundo ele, a casta de políticos que tira proveito do poder há mais de sessenta anos .
Cinquenta e um milhões de eleitores , incluindo 4 milhões de italianos residentes no estrangeiro terão a última palavra. A votação para os italianos no estrangeiro foi realizada na quinta-feira. Segundo o Ministério do Interior italiano ao meio-dia a participação no voto registava uma média de 20%, com destaque para uma maior mobilização no norte de Itália . Domingo as mesas de voto encerram às 23 horas (22h00 GMT).
A maioria da classe política italiana, da direita conservadora aos populistas do Movimento 5 Estrelas( M5S) incluindo a regionalista Liga do Norte e outros partidos extremistas, assim como os "descontentes" do Partido Democrata(PD) de Matteo Renzi apelaram para um voto à favor do "Não" . Eles denunciam o excesso de concentração de poderes por parte do Chefe do governo, em caso de vitória do "Sim" e visam o afastamento de Matteo Renzi, que recorreu às redes sociais para defender a sua reforma constitucional, suposta simplificar a vida política da Itália, que após 1948 teve 60 governos.
As consequências de uma vitória do "Não" para a União Europeia em particular e para a Europa em geral, levaram o Presidente cessante dos Estados Unidos, Barack Obama, a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, bem como o presidente da Comissão europeia , Jean-Claude Juncker, a lançar um apelo à favor do voto no "Sim".
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