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Peru

Presidente do Peru demite-se devido ao "Caso Odebrecht"

O Presidente do Peru Pedro Pablo Kuczynski apresentou ontem a sua demissão, um pouco mais de um ano e meio depois de ter sido eleito. Esta demissão foi anunciada em vésperas de o Parlamento se reunir esta Quinta-feira para se pronunciar sobre a sua destituição devido ao seu alegado envolvimento no "Caso Odebrecht", este gigante brasileiro da construção civil sendo acusado de ter pago luvas a vários dirigentes da América latina contra a obtenção de mercados.

Com os membros do seu governo junto dele, o Presidente Pedro Pablo Kuczynski anunciou ontem a sua demissão.
Com os membros do seu governo junto dele, o Presidente Pedro Pablo Kuczynski anunciou ontem a sua demissão. PERU GOVERNMENT TV/AMERICA TV/Handout via REUTERS
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Depois de meses com a sua situação por um fio sob a acusação de ter também recebido apoio da Odebrecht em troca de contratos na altura em que era ministro, o Presidente Pablo Kuczynski evitou a humilhação de uma destituição hoje pelo parlamento e explicou a sua decisão ontem numa mensagem televisiva dirigida à Nação.

"Perante esta situação difícil em que me fazem aparecer injustamente culpado de actos que não cometi, penso que o melhor para o país é que eu me demita da presidência da República. Porque eu não quero ser um obstáculo para que a Nação encontre a via da unidade e da harmonia de que tanto necessita e que me foram negadas, não quero que nem a minha pátria nem a minha família continuem a sofrer por causa das incertezas dos últimos tempos", declarou o Presidente demissionário.

Nesta mensagem, o antigo banqueiro de 79 anos eleito para um mandato de 5 anos em Junho de 2016, evocou a transição de poder que passa doravante para as mãos do seu Vice-Presidente Martin Vizcarra. Este último que recebeu garantias de apoio por parte de deputados da oposição, deverá ser investido amanhã. Quanto ao Presidente Kuczynski, a justiça comunicou-lhe que está proibido de sair do país.

Com esta demissão, rola mais uma cabeça no tentacular "Caso Odebrecht" que já levou à destituição em Dezembro do Vice-Presidente do Equador ou ainda aos problemas judiciais do antigo Presidente brasileiro Lula da Silva. No caso do Presidente do Peru, a construtora brasileira tinha admitido no final do ano passado ter pago 5 milhões de Dólares entre 2013 e 2014 a empresas directamente ligadas ao Presidente que na altura era ministro.

Logo nessa altura, em Dezembro, como se a sua situação não fosse já delicada, a sua destituição ficou a ser o foco de uma luta fratricida entre Keiko Fujimori e o irmão Kenji Fujimori, filhos do antigo autocrata Alberto Fujimori, que estão em campos opostos no xadrez político peruano. Enquanto o partido de direita Força Popular liderado por Keiko Fujimori, candidata derrotada das presidenciais de 2016, estava a envidar esforços para obter a destituição de Kuczynski, seu antigo rival, o também responsável político Kenji Fujimori era suspeito de fazer precisamente o inverso.

Aquando de um primeiro voto no parlamento sobre a sua destituição, Kuczynski escapou com a abstenção de deputados da oposição. Segundo os seus adversários políticos, esta trégua foi obtida em troca da libertação antecipada do antigo Presidente Fujimori que estava a cumprir uma pena de 25 anos de prisão por corrupção e crimes contra os Direitos Humanos. Por esta graça presidencial, Kuczynski recebeu os efusivos agradecimentos públicos de Kenji Fujimori mas recolheu também a ira popular, uma vez que no rol das suas promessas eleitorais, o Presidente tinha jurado não conceder a liberdade a Alberto Fujimori.

Os acontecimentos aceleraram-se entretanto esta semana quando a Força Popular de Keiko Fujimori divulgou gravações e vídeos mostrando Kenji Fujimori a tentar comprar o voto de um deputado para que rejeitasse a destituição do Presidente Kuczynski. Estas imagens datando possivelmente de Dezembro que parecem comprovar que teria havido uma aliança entre Kenji Fujimori e o Presidente Kuczynski acabaram por tornar inevitável a queda deste último.

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