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Portugal/Racismo

Vandalizar estátua do padre António Vieira revela «imbecilidade»

O Presidente português diz que o que foi feito à estátua do padre António Vieira revela «ignorância» e «imbecilidade». Marcelo Rebelo de Sousa afirma que a melhor forma de lutar contra o racismo e a xenofobia "não é estar a destruir História, é fazer História diferente".

Marcelo Rebelo de Sousa, chefe de Estado português.
Marcelo Rebelo de Sousa, chefe de Estado português. https://pt.wikipedia.org
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Em declarações à agência de notícias Lusa, o chefe de Estado português condenou os actos de vandalização de que foi alvo a estátua do padre António Vieira. Marcelo Rebelo de Sousa afirma que se trata de um acto de «ignorância» e «imbecilidade».

«O que foi feito demonstrou não só ignorância como imbecilidade, porque a ignorância pode não ser imbecil. Pode ser uma ignorância bem-intencionada, uma ignorância inteligente. As pessoas não sabem porque não sabem, nunca puderam saber», explicou.

O chefe de Estado português reconhece o legado deixado pelo missionário jesuíta do século XVII «lutou pela independência, foi um grande diplomata, foi um homem progressista para aquela altura, perseguido pelos colonos, portugueses no Brasil, perseguido pela corte, a certa altura, perseguido pela Inquisição. Foi um dos maiores escritores portugueses, foi o maior orador português. Portanto, para a sua época, este homem que era um visionário, ser considerado o exemplo do que se quer destruir e demolir de memória, de testemunho da nossa história é uma coisa, verdadeiramente, imbecil».

A estátua do padre António Vieira, no Largo Trindade Coelho, em Lisboa, foi vandalizada, na semana passada, com a palavra “descoloniza” pintada a vermelho. A boca, mãos e hábito do clérigo foram tingidas de vermelho e no peito das crianças indígenas, que estão representadas à sua volta, foi pintado um coração.

Este acto de vandalismo sucede outros que estão a ser praticados nos Estados Unidos e na Europa, na sequência dos protestos anti-racistas que começaram com o assassínio do afro-americano, George Floyd. Vários movimentos têm defendido a retirada dos memoriais a figuras históricas, no espaço público, devido ao seu passado esclavagista.

Marcelo Rebelo de Sousa admitiu que em Portugal existem sectores racistas e xenófobos, porém assegura que não é a destruir a história que se luta contra as discriminações.

«Há muitas discriminações na sociedade portuguesa a merecerem a atenção e o combate. Mas não penso que seja uma forma inteligente de combater; a de vandalizar ou destruir estátuas. Julgar a história de hoje para o passado é um risco enorme. A maneira de verdadeiramente lutar contra as discriminações, concretamente contra o racismo ou a xenofobia, é criar condições, hoje e para o futuro, que reduzam essas desigualdades. Não é estar a destruir História, é fazer História diferente», concluiu.

 

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