Morreu Carlos do Carmo, o fadista que se adaptou ao tempo
O cantor e fadista Carlos do Carmo morreu esta sexta-feira, 1 de Janeiro, no hospital de Santa Maria, em Lisboa, onde tinha dado entrada ontem com um aneurisma.
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O fadista eternizou canções como “Lisboa, menina e moça” e “Os putos”, deixou-nos aos 81 anos.
Carlos do Carmo nasceu em Lisboa, a 21 de Dezembro de 1939, era filho da fadista Lucília do Carmo e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.
Vencedor do Grammy Latino de Carreira, que recebeu em 2014, o seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, na Alemanha, do 'Canecão', no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres. Despediu-se dos palcos em 9 de Novembro de 2019, com um concerto no Coliseu dos Recreios, em Lisboa.
Em 2017, Carlos do Carmo regressou a Paris para um concerto no Grand Rex, na altura o fadista descrevia o fado como um camaleão que se adapta ao tempo.
"O fado não muda, o que muda são os tempos. O fado é um belo de um camaleão que sabe muito bem adaptar-se aos tempos e às circunstâncias. Depois tem que ver com a capacidade de cada um, de cada criador, interpretes de lhe dar alguma coisa. O fado requer que se lhe dê muito porque, à partida, ele dá muitos aos artistas. A minha vida não existiria sem o fado, o fado deu-me muito ao longo da vida e estou extremamente grato ao fado, mas naturalmente através do público, que tem sido comigo de uma fidelidade impressionante", descrevia Carlos do Carmo.
O governo português decretou um Dia de Luto Nacional, na próxima segunda-feira, dia 4 de Janeiro, pela morte do fadista Carlos do Carmo.
"É com extrema consternação e profundo pesar que o Governo tomou conhecimento do falecimento de Carlos do Carmo e decidiu decretar um Dia de Luto Nacional a concretizar-se na próxima segunda-feira, 4 de Janeiro de 2021", refere a nota emitida pelo gabinete do primeiro-ministro, António Costa.
O executivo português propôs ainda ao Presidente da República a atribuição da Ordem da Liberdade, a título póstumo, "pelo determinante papel que Carlos do Carmo teve na renovação do fado, atribuição que, de resto, já estava prevista".
A editora Universal anunciou a publicação do derradeiro álbum, "E Ainda?", para o passado mês de Novembro, mas é ainda aguardada a chegada às lojas. Neste disco, Carlos do Carmo canta com Herberto Helder, Sophia de Mello Breyner Andresen, Hélia Correia, Júlio Pomar e Jorge Palma, que junta aos poetas do seu repertório.
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