Facebook encerra contas do exército birmanês devido ao recurso à violência
A rede Facebook anunciou hoje em comunicado ter encerrado as contas vinculadas à junta militar birmanesa devido ao uso da "violência mortífera" contra os manifestantes que têm protestado contra o golpe militar perpetrado no dia 1 de Fevereiro e contra a detenção dos líderes civis do país, nomeadamente da Prémio Nobel da Paz 1991, Aung San Suu Kyi.
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Depois de ter encerrado ao longo dos últimos dias uma série de contas ligadas às chefias do exército birmanês, a rede Facebook indicou hoje ter encerrado todas as restantes contas das Forças Armadas, por estas últimas recorrerem à “violência mortífera” contra os civis.
Estas medidas que incidem sobre as contas Facebook mas igualmente Instagram das entidades e pessoas ligadas ao exército, abrangeram nomeadamente a conta da "True News", a página operada pelo serviço de informação da junta militar, mas não incluíram "serviços públicos essenciais", como as páginas do Ministério da Saúde, segundo indicou a rede social.
Desde o golpe do dia 1 de Fevereiro que depôs o governo eleito de Aung San Suu Kyi, os militares têm veiculado através das redes sociais acusações não comprovadas de fraude eleitoral, alegações que usaram para justificar o golpe perpetrado há quase um mês, os militares tendo igualmente feito apelos à violência contra a minoria muçulmana Rohingya e contra os manifestantes pró-democracia.
Nestas últimas 3 semanas, cinco pessoas foram mortas pelas forças de segurança durante protestos, a ultima vitima tendo sido um jovem de 20 anos que foi morto ontem em Mandalay, no centro do Myanmar. Nesta quinta-feira, as marchas em Rangum foram marcadas por incidentes entre manifestantes e apoiantes do exército que resultaram em alguns feridos.
Paralelamente, a junta continua a cortar o acesso à internet em várias zonas do país no intuito de tentar impedir a organização de novas manifestações pró-democracia.
A decisão da rede Facebook encerrar as contas da junta militar foi saudada por militantes dos Direitos Humanos, alguns sectores de opinião considerando todavia que peca pela sua chegada tardia. A plataforma de Mark Zuckerberg tem sido inúmeras vezes criticada por uma falta de moderação dos seus conteúdos, à luz das mensagens de ódio que chegaram a circular na rede aquando da campanha contra a comunidade Rohingya. Tal foi a opinião expressada pelo lançador de alerta Christopher Wylie que revelou o escândalo 'Cambridge Analytica', para quem “foram necessários apenas cinco anos de limpeza étnica e um golpe militar para que a rede Facebook proibisse as contas do exército birmanês”.
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