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Covid-19 / Insegurança Alimentar

FAO alerta que covid-19 pode ter efeitos a longo prazo sobre segurança alimentar

Segundo um relatório divulgado esta segunda-feira pela FAO, a agência da ONU para a alimentação e agricultura, a covid-19 poderia ter efeitos a longo prazo sobre a segurança alimentar no mundo inteiro. Este documento refere que no espaço de apenas um ano, a fome progrediu 18% no mundo. Para a FAO, este foi o agravamento da fome mais importante em pelo menos 15 anos.

Criança auscultada num centro do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da ONG Action contre la Faim, na aldeia de Beraketa, no extremo sul de Madagascar, no dia 12 de Novembro de 2020.
Criança auscultada num centro do Programa Alimentar Mundial (PAM) e da ONG Action contre la Faim, na aldeia de Beraketa, no extremo sul de Madagascar, no dia 12 de Novembro de 2020. AP - Laetitia Bezain
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“Muito antes da pandemia covid-19, já não estávamos em vias de erradicar a fome e todas as formas de desnutrição no mundo até 2030. Hoje, a pandemia tornou a tarefa ainda mais difícil”. Esta é uma das conclusões do relatório publicado pela FAO juntamente com outras agências da ONU em que se refere que no ano passado "720 a 811 milhões de pessoas no mundo passaram fome, cerca de 118 milhões a mais do que em 2019”.

De acordo com este documento, mais de metade das pessoas subnutridas vive na Ásia (418 milhões), mais de um terço em África (282 milhões) e 8% (60 milhões) na América Latina, este relatório referindo ainda que mais de 2 biliões de pessoas não tiveram acesso a uma alimentação adequada ao longo do ano passado, ou seja mais 320 milhões do que em 2019. Um aumento “igual àquele observado durante o total dos cinco anos anteriores”, nota o relatório.

A insegurança alimentar, fenómeno já presente antes da pandemia, foi agravada por ela, constata a FAO ao referir que em alguns países, nomeadamente os mais pobres, as restrições aplicadas no âmbito do combate à covid-19, impediram os pequenos agricultores de comercializarem os seus produtos e provocaram problemas de abastecimento nas cidades, designadamente na zona do Sahel.

Segundo a FAO, cerca de "660 milhões de pessoas poderiam passar fome em 2030, em parte devido aos efeitos a longo prazo da pandemia de covid-19 sobre a segurança alimentar global - ou seja 30 milhões a mais do que num cenário em que não teria havido pandemia”.

Já na passada sexta-feira outra organização, a Oxfam, teceu um alerta no mesmo sentido. De acordo com esta ONG, a insegurança alimentar no mundo aumentou seis vezes no último ano, sendo que onze pessoas morrem de fome a cada minuto.

Actualmente, várias áreas do globo suscitam preocupação. Em finais do mês passado, o PAM teceu um alerta sobre a situação de Madagáscar onde as alterações climáticas provocaram a seca e a fome. Também segundo as Nações Unidas, no Iémen, em guerra desde 2014, cerca de 50 mil pessoas estão a passar fome e cerca de 5 milhões estão em situação de insegurança alimentar. No Tigray, região conflituosa do norte da Etiópia, o PAM estima que mais de 400 mil pessoas estão a passar fome e quase 2 milhões estão em risco.

Esta agência da ONU alertou igualmente no passado mês de Maio que cerca de 950 mil pessoas se encontram actualmente em insegurança alimentar no norte de Moçambique, palco de um conflito armado desde Outubro de 2017. A braços com a seca, Angola também tem lutado contra a fome em certas zonas do seu território, nomeadamente no sul.

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