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Afeganistão

PR do Afeganistão atribui deterioração da segurança à saída "repentina" dos EUA

Discursando hoje perante o Parlamento afegão, o Presidente Ashraf Ghani atribuiu a deterioração da situação militar em todo o país, à decisão “repentina” de os Estados Unidos retirarem todas as suas tropas do Afeganistão até ao final deste mês.

O Presidente Ashraf Ghani no parlamento em Cabul, no passado dia 21 de Outubro de 2020.
O Presidente Ashraf Ghani no parlamento em Cabul, no passado dia 21 de Outubro de 2020. AFP - WAKIL KOHSAR
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A situação actual deve-se à decisão repentina” de Washington, declarou o chefe de Estado afegão numa altura em que os Talibãs continuam a estender o seu controlo sobre o território após ter conquistado vastas áreas rurais no espaço destes três últimos meses.

Apesar de ainda recentemente se terem declarado “favoráveis a uma solução através do diálogo” aquando de conversações com o governo, os Talibãs não deram tréguas à ofensiva que têm estado a conduzir desde Maio no Afeganistão.

Ontem à noite, as forças afegãs estiveram envolvidas em combates contra os Talibãs na cidade de Lashkar Gah, para evitar que esta cidade de 200 mil habitantes caia nas mãos dos insurgentes que têm estado a tomar o controlo de várias cidades importantes. Neste âmbito, o Presidente afegão anunciou hoje o envio de centenas de membros de unidades de comando para aquela que é a capital provincial do Helmand, no sul do país, e também uma das localidades mais fustigadas pela violência em 20 anos de intervenção internacional no país.

Outros pontos estratégicos do Afeganistão, Kandahar e Herat, respectivamente a segunda e a terceira maior cidade do Afeganistão, continuam sob controlo governamental mas estão sob ameaça directa dos Talibãs há vários dias, o Afeganistão já não podendo contar com o apoio militar dos Estados Unidos.

Anunciada durante a era Trump, a retirada dos americanos após vinte anos de presença no Afeganistão foi confirmada pela administração Biden. Com fim simbólico no dia 11 de Setembro, data em que se recordam os vinte anos do atentado contra o World Trade Center em Nova Iorque que foi o rastilho para a intervenção americana no Afeganistão, o fim efectivo desta operação deveria acontecer no dia 31 de Agosto.

A aproximação do fim da presença ocidental no país assim como o avanço dos Talibãs no terreno militar não deixam de ser acompanhados com preocupação. As embaixadas americana e britânica de Cabul acusaram hoje os Talibãs de terem “massacrado dezenas de civis” em Spin Boldak, localidade do sul do Afeganistão que conquistaram no passado dia 14 de Julho. Estas corrências “são susceptíveis de constituir crimes de guerra” segundo indicam as duas representações diplomáticas que deram conta de pelo menos 40 vítimas.

Foi também neste contexto que hoje os Estados Unidos, já envolvidos numa corrida para evacuar os milhares de intérpretes afegãos que trabalharam para o exército americano, anunciaram que iriam receber os milhares de afegãos obrigados a fugir do seu país devido à falta de segurança.

 

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