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COP-26

Ambientalista Francisco Ferreira com "expectativas moderadas" sobre COP-26

Em Glasgow na Escócia, desde hoje e até ao dia 12 de Novembro, no âmbito da COP-26, estão reunidos os líderes mundiais, cientistas e activistas de cerca de 200 países, com vista a discutir formas de combater mais eficazmente as mudanças climáticas e negociar, nomeadamente, a continuação da implementação do Acordo Climático de Paris assinado em 2015.

Manifestantes ambientalistas concentraram-se em Glasgow para manter a pressão.
Manifestantes ambientalistas concentraram-se em Glasgow para manter a pressão. Ben STANSALL AFP
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Durante a cerimónia de abertura do evento, o presidente da cimeira, Alok Sharma, considerou que a COP-26 "é a última e melhor esperança" para conseguir limitar o aquecimento climático ao patamar máximo de 1,5 graus suplementares em relação ao começo da era industrial, conforme estabelecido no Acordo de Paris.

De acordo com os mais recentes dados da ONU, a temperatura média do planeta poderia aumentar mais 2,7 graus, provocando fenómenos climáticos extremos, como a subida do nível do mar que pode colocar em questão a existência de certas áreas insulares, o aumento do número de tempestades violentas, inundações ou pelo contrário gigantescos incêndios e secas em vastas áreas do globo. Fenómenos aos quais a humanidade já tem assistido ultimamente.

A Organização Mundial Meteorológica recordou ainda hoje que os últimos sete anos, o período de 2015 a 2021, foram os mais quentes jamais registados.

Neste sentido, ainda antes do arranque da COP-26, no âmbito da cimeira do G20 que terminou este domingo em Roma, os líderes dos 20 países mais ricos comprometeram-se a desbloquear 100 mil milhões de dólares de apoio aos países mais vulneráveis às mudanças climáticas, sobre um envelope total de 650 mil milhões. Os países do G20 chegaram igualmente a um consenso sobre o fim dos subsídios públicos a novas centrais eléctricas funcionando com carvão a partir do fim deste ano, sem contudo estabelecer metas vinculativas, o que não deixou de ser criticado nomeadamente pela ONG ambientalista Greenpeace.

Também céptico é Francisco Ferreira, líder da ONG ambientalista portuguesa "Zero", que participa na cimeira de Glasgow. O activista refere alimentar "expectativas muito moderadas" relativamente ao desfecho desta conferência e sublinha que é urgente os líderes mundiais adoptarem uma postura mais firme perante as mudanças climáticas.

Francisco Ferreira, presidente da ONG ambientalista "Zero" sobre as suas expectativas quanto à COP-26
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Francisco Ferreira, presidente da ONG ambientalista "Zero" sobre as suas expectativas quanto à COP-26

Entre os participantes na COP26, a União Europeia refere pretender reduzir em 55% em relação a 1990 as suas emissões de gases com efeito de estufa até 2030 e chegar à neutralidade carbono no horizonte 2050. Já os Estados Unidos que durante a era Trump saíram do Acordo de Paris, estão a reintegrar o protocolo apenas agora, desde que Joe Biden chegou à Casa Branca, Washington pretendendo reduzir as emissões poluentes de cerca de 53% até 2030.

A China, país também considerado como sendo um dos grandes "poluidores" e cujo presidente não vai participar na cimeira, estabeleceu que pretende chegar à neutralidade carbono no horizonte 2060, enquanto a Austrália, grande produtor de gás e carvão, informou ainda na semana passada que pretende chegar a esta meta até 2050, sem desistir da exploração do carvão.

Ao conceder que o cumprimento dos objectivos do Acordo de Paris podem ser mais complexos para a China do que por exemplo para a Austrália, Francisco Ferreira considera, por outro lado, que a Europa também deveria ser mais ambiciosa nos seus objectivos.

Francisco Ferreira, presidente da ONG ambientalista "Zero" sobre os objectivos fixados pela China e a Austrália
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Francisco Ferreira, presidente da ONG ambientalista "Zero" sobre os objectivos fixados pela China e a Austrália

Outro bloco presente na cimeira, o grupo África que reúne mais de 40 estados africanos pretende igualmente fazer ouvir a sua voz e obter em Glasgow uma discussão -e compromissos efectivos- sobre os meios financeiros que os países mais desenvolvidos se comprometeram a desbloquear para ajudar a uma "adaptação" das regiões mais desfavorecidas. O continente africano recebe em média 6 biliões de Dólares por ano neste sentido. Contudo, o grupo África calcula que seriam necessários 20 biliões suplementares por ano, até 2030, para ajudar os países mais expostos a fazerem frente às mudanças climáticas, já efectivas nos seus respectivos territórios.

De acordo com um relatório publicado no passado dia 26 de Outubro pelo Centro de Adaptação Global (GCA), “o número de inundações aumentou cinco vezes desde os anos 1990”. Recorde-se que no ano passado o Sudão enfrentou as suas piores inundações em 60 anos, com um balanço de 500 mil pessoas desalojadas e 5,5 milhões de hectares de terras aráveis destruídas. Em 2019, dois ciclones, Idai e Kenneth, varreram a cidade da Beira e a zona norte de Moçambique provocando mais de mil mortos e afectando a vida de 3,5 milhões de pessoas.

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