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Turquia / NATO

Finlândia e Suécia formalizam pedido de adesão à NATO mas Turquia coloca condições

Erdogan reitera que se opõe à entrada da Suécia e da Finlândia na NATO, hoje oficializada. O Presidente turco exige que esses países parem de apoiar terroristas curdos, mas a posição destina-se também à opinião pública turca e a Washington.

Recep Erdogan durante uma cimeira da NATO em Bruxelas em Junho de 2021.
Recep Erdogan durante uma cimeira da NATO em Bruxelas em Junho de 2021. REUTERS - YVES HERMAN
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O presidente turco Recep Tayyip Erdogan reiterou esta segunda-feira que se opõe à entrada da Suécia e da Finlândia na NATO, porque os dois países albergam e apoiam organizações terroristas que têm atacado o Estado turco. Erdogan disse mesmo que não valia a pena uma delegação de diplomatas desses dois países vir até Ancara negociar a questão esta semana, porque seria uma perda de tempo.

Erdogan reagia assim às declarações da ministra dos negócios estrangeiros sueca Ann Linde, que não se comprometeu com nenhuma das exigências turcas: Ancara quer que a Suécia e a Finlândia extraditem umas dezenas de indivíduos que Ancara diz estarem associados ao PKK (separatistas curdos, que lutam contra a Turquia há décadas, e que são considerados uma organização terrorista pela UE e por Washington), mas também elementos da fraternidade Gulenista, acusada pelo Presidente turco de ter planeado o falhado golpe de Estado contra ele em 2016. Erdogan quer ainda que os países escandinavos levantem o embargo de venda de material bélico à Turquia.

Os países escandinavos, a Suécia em particular, sempre foi um porto seguro de abrigo para todos os que fogem de perseguições políticas na Turquia, e o país tem dado asilo político a muitos curdos. A minoria curda no país é significativa, e existem no país uma grande diversidade de organizações e ONGs que apoiam e financiam projectos e iniciativas, quer no sudeste da Turquia, quer no nordeste da Síria, uma zona controlada pelas milícias curdas sírias do YPG, aliados dos americanos e da coligação internacional na luta contra o Daesh, mas que Ancara diz serem um braço do PKK.

Esta posição turca quebra a unanimidade até agora demonstrada pela NATO durante a guerra na Ucrânia, e representa um potencial escolho na adesão da Suécia e da Finlândia à NATO, já que a entrada de novos membros na NATO tem de ser ratificada por todos os existentes.

Esta posição tem porém mais destinatários do que apenas os países escandinavos: a opinião pública turca, que é tendencialmente antiocidental, num contexto pré-eleitoral -as próximas eleições presidenciais serão no primeiro semestre de 2023, e Erdogan tem vindo a perder apoio devido à grave crise económica- e a administração americana, que continua a ter más relações com Ancara devido à compra por parte de Ancara de mísseis russos S400, que levou Washington a impor sanções económicas e militares contra o seu aliado na NATO. Biden tem aliás ignorado Erdogan.

Todos os analistas sugerem que Erdogan terá de recuar a certa altura – não é a primeira vez que o faz, mas por enquanto vai manter a ameaça de veto e tentar extrair o máximo de benefícios e concessões – uma estratégia arriscada, que está a minar o capital de simpatia que tinha granjeado devido ao seu papel de mediação na guerra entre a Ucrânia e a Rússia.

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