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Direitos Humanos

Alta Comissária da ONU para os DH defende a sua controversa visita à China

No final da sua deslocação de uma semana à China onde se foi inteirar da situação da minoria muçulmana do Xinjiang que segundo relatórios ocidentais é reprimida pelas autoridades chinesas, a Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos prestou primeiras declarações sobre os contactos efectuados naquele país e defendeu o princípio desta visita face às críticas de algumas ONGs e representantes da diáspora chinesa.

Michelle Bachelet, Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos.
Michelle Bachelet, Alta-Comissária da ONU para os Direitos Humanos. REUTERS - DENIS BALIBOUSE
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Ao referir que não se tratou de um "inquérito", Michelle Bachelet indicou que Pequim não supervisionou a sua deslocação. Por outro lado, a responsável apelou as autoridades chinesas a evitar "medidas arbitrárias" contra a minoria muçulmana no âmbito da luta antiterrorista que alegam estar a conduzir no Xinjiang, zona do noroeste do país com 26 milhões de habitantes, na sua larga maioria uigures.

No âmbito da conferência de imprensa on-line organizada hoje no final da sua deslocação, a antiga Presidente chilena também referiu ter falado "francamente" com os responsáveis chineses sobre a operação antiterrorista que afirmam estar a conduzir no Xinjiang e Michelle Bachelet indicou ter tido acesso às pessoas com quem pretendia encontrar-se no Xinjiang "sem supervisão" das autoridades. A representante onusiana disse ter-se avistado nomeadamente com membros da sociedade civil e com o chefe local do Partido Comunista Chinês com quem diz ter abordado, entre outros assuntos, o facto de várias famílias uigures se queixarem de não saber do paradeiro de parentes presos.

De acordo com vários relatórios elaborados por ONGs ocidentais, Pequim mantém em detenção mais de um milhão de uigures e membros de outros grupos muçulmanos em “campos de reeducação” onde são submetidos a “trabalho forçado” ou “esterilizações forçadas”, os Estados Unidos qualificando esta situação de "genocídio".

A China que desmente formalmente estas acusações, denunciando relatórios “tendenciosos”, argumenta por sua vez que os referidos campos, são “centros de formação profissional” para erradicar o extremismo. Quanto às denúncias de esterilização forçada, Pequim alega limitar-se a aplicar a sua política de controlo de natalidade implementada a nível nacional.

Durante a sua deslocação à China, de cuja agenda oficial filtraram poucos elementos, Michelle Bachelet viajou para Urumqi, capital do Xinjiang, e para Kashgar, uma cidade onde a população uigur é particularmente importante. Nessa última localidade, a antiga Presidente chilena refere ter visitado uma prisão e ter tido um acesso "bastante aberto, bastante transparente" a contactos com os prisioneiros.

Após receber garantias do governo do Xinjiang de que “os centros de formação profissional foram desmantelados”, Michelle Bachelet refere ter-se deslocado a um desses centros.

Esta visita que segundo os detractores de Michelle Bachelet foi uma operação de comunicação de Pequim, foi a primeira de um Alto-comissário para os Direitos Humanos em 17 anos naquele país.

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