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Commonwealth

Cimeira da Commonwealth em Kigali em clima de controvérsia

Kigali acolhe desde hoje e até ao dia 26 de Junho uma nova cimeira da Commonwealth. Na ementa da reunião dos chefes de governo dos 54 Estados-membros, está a adesão de dois novos membros, o Togo e o Gabão. Esta reunião decorre em plena polémica em torno do acordo migratório entre Kigali e Londres que possibilita o envio para o Ruanda de imigrantes chegados ilegalmente ao Reino Unido.

Representantes dos 54 estados-membros da Commonwealth no centro de convenções de Kigali no passado dia 22 de Junho de 2022.
Representantes dos 54 estados-membros da Commonwealth no centro de convenções de Kigali no passado dia 22 de Junho de 2022. © Jean Bizimana / Reuters
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Estão reunidos durante dois dias em Kigali os 54 estados-membros da Commonwealth, entre os quais figuram 19 países africanos. O bloco de cooperação herdado do antigo império britânico que representa 2,6 mil milhões de pessoas, ou seja um terço da humanidade, deve analisar a entrada de dois países sem nenhum elo histórico com o Reino Unido, o Togo e o Gabão.

Durante a abertura da cimeira o Príncipe Carlos que representa a chefe da Commonwealth, a Rainha Elisabeth II de Inglaterra, garantiu que os países-membros, em grande parte antigas colónias britânicas cuja chefe de Estado legal é a rainha de Inglaterra, têm total liberdade para se desligarem da monarquia britânica, tal como já o fez por exemplo a ilha de Barbados no ano passado.

"O regime constitucional de cada membro, enquanto república ou monarquia, é uma opção que diz unicamente respeito a cada Estado-membro" declarou o Príncipe britânico que no âmbito deste encontro também expressou a sua "tristeza" perante o passado esclavagista da Grã-Bretanha.

Nesta cimeira que se anuncia desde já difícil dado que acontece precisamente numa fase em que são numerosos os questionamentos sobre a possibilidade deste bloco continuar a existir depois do reinado de Elisabete II, também acontece num clima de polémica em torno do acordo que Boris Johnson assinou com o Ruanda, no intuito de este país acolher no seu território os imigrantes ilegais que chegam à Grã-Bretanha.

Ainda ontem, o chefe do governo britânico defendeu em Kigali este acordo que foi denunciado tanto por ONGs de defesa dos Direitos Humanos como pelo próprio Príncipe Carlos. Boris Johnson argumentou que "o que os críticos têm de perceber é que o Ruanda conheceu uma transformação total nestas últimas duas décadas."

Até agora, nenhum imigrante chegado ao Reino Unido foi expulso rumo ao Ruanda, em virtude de uma decisão de última hora do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos, mas o governo britânico apresentou na quarta-feira um projecto de lei ao parlamento para contornar esta decisão.

Outro motivo de controvérsia é a própria organização da cimeira no Ruanda, país sobre o qual 23 ONGs de defesa dos Direitos do Homem expressaram "graves preocupações", sendo que paralelamente a vizinha República Democrática do Congo apela à condenação do Ruanda pelo apoio que, segundo Kinshasa, estaria a dar aos rebeldes do M23 activos no leste da RDC.

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