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Médio Oriente

Presidente americano prestes a terminar a sua digressão no Médio Oriente

O Presidente americano efectua o penúltimo dia da sua digressão pelo Médio Oriente, uma deslocação que o levou a meio da semana até Israel, grande aliado regional dos Estados Unidos, onde permaneceu até hoje. Durante esta primeira etapa, Joe Biden evocou com os seus interlocutores o acordo nuclear iraniano cuja eventual reactivação é vista pelos israelitas como uma ameaça. Biden evocou igualmente a normalização das relações de Israel com os países Árabes, um processo no qual diz estar empenhado.

Joe Biden e o príncipe herdeiro Mohamed Ben Salman hoje em Jeddah neste dia 15 de Julho de 2022.
Joe Biden e o príncipe herdeiro Mohamed Ben Salman hoje em Jeddah neste dia 15 de Julho de 2022. © Bandar Aljaloud/AP
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Entretanto, antes de viajar hoje para a Arábia Saudita a partir de Israel, numa ligação aérea inédita -e altamente simbólica- entre os dois países sem relações oficiais, Joe Biden avistou-se hoje com o Presidente da Alta Autoridade Palestiniana, Mahmud Abbas. Durante este encontro essencialmente virado para questões económicas, Biden anunciou nomeadamente um projecto visando fazer passar a 4G em 2023 nos territórios palestinianos.

Grande ausente desta visita, esteve o processo de paz israelo-palestiniano, comenta Ivo Sobral, coordenador de mestrado de relações internacionais na Universidade de Abu Dhabi. "Desde que houve o grande processo de normalização entre Israel e os emirados Árabes Unidos e o Barhein e o próprio Oman, que isto saiu completamente fora de qualquer reunião entre os Estados Unidos e Israel" nota o estudioso ao referir que "neste momento, em termos de normalização, existe um processo muito avançado".

Aliás, o facto de a Arábia Saudita ter anunciado precisamente durante a digressão de Biden no Médio Oriente que aceita abrir o seu espaço aéreo inclusivamente às transportadoras israelitas, com o Estado Hebreu a declarar por seu lado que está disposto a ceder ilhéus às autoridades sauditas, representa um sinal de que os dois países poderiam também vir a normalizar os seus elos, do ponto de vista de Ivo Sobral. "Essa é uma estrada irredutível, inevitável para o futuro do Médio Oriente. Neste momento, estamos na fase final da reorganização do Médio Oriente que irá culminar com esta aproximação entre Israel e a Arábia Saudita", considera o universitário.

Relativamente às outras vertentes da deslocação de Joe Biden ao Médio Oriente e em particular a sua etapa na Arábia Saudita onde chegou esta sexta-feira, com na agenda um encontro designadamente com o príncipe herdeiro Mohamed Ben Salman, considerado como o mandante do assassinato em 2018 do jornalista saudita Jamal Khashoggi, o especialista em relações internacionais, Ivo Sobral, considera que depois do mal-estar causado por esse episódio, é inevitável uma reaproximação dos Estados Unidos e da Arábia Saudita. "Outras pressões de outras geografias forçaram (neste sentido). A guerra na Ucrânia colocou imensamente sob pressão os Estados Unidos e os seus aliados europeus nomeadamente na produção de petróleo e de gás", menciona o universitário que ao considerar que Biden poderia a prazo obter da Arábia Saudita que aumente a sua produção de petróleo para garantir um mais amplo fornecimento a mais baixo custo, refere que todavia "ele vai ter de pagar um preço bem alto", por este apoio dos países Árabes.

A reorganização das alianças no Médio Oriente e a reaproximação dos Estados Unidos com essa região do globo faz-se numa altura em que continua no impasse a renegociação do acordo sobre o nuclear iraniano. Para Ivo Sobral, o Presidente americano continua interessado em impulsionar este processo. "Os Estados Unidos, o próprio Golfo, os seus aliados europeus e muitos outros, ainda estão interessados neste processo. Nenhum país quer um Irão com uma capacidade nuclear ofensiva. Há aqui uma tentativa de consolidação e de auscultação de várias capitais do Golfo porque este processo, quando se reiniciou, houve uma situação que os próprios estados do Golfo não foram ouvidos pela administração Biden relativamente a esta negociação (...) Eu acho que esta visita de Biden visa tentar reiniciar este processo", conclui Ivo Sobral, coordenador de mestrado de relações internacionais na Universidade de Abu Dhabi.

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