Zelensky na ONU: A Rússia é "a única que quer a guerra"
O Presidente da Ucrânia dirigiu-se à Assembleia Geral das Nações Unidas, esta quarta-feira, e pediu que a Rússia seja punida pela agressão ao seu país, defendendo que o Kremlin é o único que quer a guerra.
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Zelensky não quis deixar o país num momento crucial da guerra e dirigiu-se à Assembleia Geral da ONU à distância, através de uma mensagem gravada, no mesmo dia em que Vladimir Putin anunciou uma "mobilização parcial de 300 mil reservistas" para reforçar o contingente militar na Ucrânia.
Com a sua t-shirt verde militar de marca vestida, o Presidente ucraniano defendeu que este anúncio de Moscovo demonstra que o Kremlin não está disposto a negociar.
Os russos falam sobre negociações, mas anunciam uma mobilização militar. Eles falam sobre as negociações, mas anunciam pseudo-referendos nos territórios ocupados da Ucrânia", salientou.
Na mensagem transmitida esta quarta-feira, Vladimir Putin deixou ainda ameaças de cariz nuclear contra o Ocidente. Zelensky referiu que esta "chantagem da radiação" da Rússia é "algo que nos deve preocupar todos porque ninguém vai descobrir uma vacina contra as doenças da radiação".
O chefe de Estado ucraniano pediu uma "punição justa" para a Rússia pela agressão à Ucrânia e também contra o povo ucraniano.
"Foi cometido um crime contra a Ucrânia e exigimos uma punição justa. O crime foi cometido contra as fronteiras de nosso estado. O crime foi cometido contra a vida de nosso povo”, salientou.
O chefe de Estado ucraniano reiterou que a Rússia é a única que quer guerra, contrariamente aos anseios da Ucrânia, da Europa e do mundo.
"A Ucrânia quer paz, a Europa quer paz, o mundo quer paz. Vimos quem é o único que quer a guerra - há apenas uma entidade que diria agora, se pudesse interromper o meu discurso - que está feliz com esta guerra, com a sua guerra. Não vamos deixar essa entidade prevalecer sobre nós, mesmo sendo o maior estado do mundo", disse.
O líder ucraniano disse também que, desde 2014, que o país não tem outra escolha, a não ser defender-se. "E nós fazemo-lo. Empurramos o agressor", disse, salientando que não tem dúvidas de que, apesar de levar tempo, a Ucrânia vai sair vencedora desta guerra.
Zelensky pede que a Rússia perca o seu poder de veto na ONU
"Os agressores precisam de ser punidos e isolados", disse Volodymyr Zelensky.
Foi esta a justificação dada por Volodymyr Zelensky para pedir aos líderes mundiais que retirem o direito de voto a Moscovo nas instituições internacionais, bem como o poder de veto no Conselho de Segurança da ONU.
A Rússia, recorde-se, é um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança das Nações Unidas.
Presidente ucraniano deixa mais pedidos aos líderes mundiais
Zelensky apelou ainda à criação de um tribunal especial para punir a Rússia e justificou as suas palavras: ""Isto tornar-se-á um sinal para todos os potenciais agressores, de que devem valorizar a paz ou serão trazidos à responsabilidade pelo mundo", salientou.
Para além disso, o líder ucraniano pediu mais ajuda militar aos países ocidentais para que a Ucrânia se possa defender, naquela que é uma "guerra pela vida".
O discurso de Volodymyr Zelensky foi aplaudido de pé pela generalidade dos países presentes, naquela que é a primeira Assembleia Geral da ONU desde o início da guerra na Ucrânia.
Olena Zelenska, primeira-dama ucraniana, está presente em Nova Iorque, na sede das Nações Unidas, juntamente com a delegação ucraniana.
De salientar que 101 países votaram a favor da intervenção de Zelensky neste encontro e sete votaram contra. São eles a Rússia, a Bielorrusia, a Síria, Cuba, Nicarágua, Coreia do Norte e Eritreia.
Os 5 pontos apresentados por Zelensky para alcançar a paz na Ucrânia
Volodymyr Zelensky apresentou, na sua comunicação por vídeo, os cinco pontos essenciais para que se consiga obter a paz na Ucrânia.
São eles:
- A punição pela agressão;
- A protecção da vida;
- A restauração da segurança e da integridade territorial;
- As garantias de segurança;
- Determinação para que seja possível ao país defender-se;
Recorde-se que a invasão russa da Ucrânia está prestes a entrar no sétimo mês, dentro de dois dias. Ao longo dos últimos meses, a voz de Volodymyr Zelensky tem sido uma constante. O Presidente ucraniano já participou em vários encontros de líderes mundiais e já falou para vários países, num apelo claro a que se juntem à Ucrânia e lhe forneçam apoio, numa altura em que o país luta e tenta resistir contra as forças invasoras.
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