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Itália

Itália prepara-se para legislativas em contexto de crise política e económica

Termina hoje a campanha para as legislativas de domingo em que milhões de eleitores são chamados às urnas para eleger 200 senadores e 400 deputados, no âmbito de um escrutínio antecipado após a demissão em Julho do anterior Presidente do Conselho, que era tido como um dos pilares da Europa. Neste escrutínio são candidatas 10 formações políticas e coligações, nomeadamente a de centro-esquerda encabeçada por Enricco Letta e a aliança de direita e extrema-direita representada por Giorgia Meloni.

Hemiciclo do parlamento italiano em Roma.
Hemiciclo do parlamento italiano em Roma. © AFP
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A Itália que desde 1946 já conheceu 67 governos, vai no domingo novamente a votos, no intuito de desfazer o novelo da crise política em que se encontra desde Julho, depois de o anterior chefe do governo Mario Draghi não ter tido outra escolha senão demitir-se, na ausência de consensos no seio da frágil aliança que sustentava o seu poder.

Entre a dezena de candidatos à sua sucessão destacam-se a antiga ministra da juventude, Giorgia Meloni, 45 anos, líder do partido neofascista "Fratelli d'Italia" que recolhe o apoio da "Forza Italia" de Silvio Berlusconi e da também à direita "Liga" de Matteo Salvini. Durante uma campanha alicerçada sobre os chavões "Deus, pátria, família", ela marcou algum avanço nas sondagens que entretanto deixaram de ser publicadas há duas semanas, em cumprimento da lei eleitoral.

Diante dela está o candidato do centro-esquerda Enrico Letta. Este jurista eurófilo de 56 anos que já foi chefe do governo, apresenta-se como a última barragem à chegada da extrema-direita ao poder na Itália.

Estas eleições que acontecem num contexto político febril, desenrolam-se sobretudo num momento económico e social complexo. Maria de Fátima Pereira Afonso, presidente da associação cultural 'Lusitália' e dona de um restaurante em Roma, evoca nomeadamente o impacto da crise da covid e da guerra na Ucrânia.

"Ultimamente, houve primeiro o covid, depois a guerra (na Ucrânia). Tenho o único restaurante português de Roma. Na primeira conta da luz, pagava 3 mil Euros, agora chegou 7 mil Euros. Antes pagava 2 mil Euros de gás, agora tenho 5 mil Euros, para não contar o aumento do pão, o aumento da farinha, o aumento do óleo. Está a ficar insustentável viver na Itália" desabafa esta habitante da capital italiana.

Com uma taxa de desemprego de 7,9%, acima dos 6,6% médios da Europa e com mais de 2,5 milhões de pessoas a viver com o rendimento mínimo reservado às camadas mais pobres, a Itália tem sido -segundo a OCDE- o único país da Europa onde os salários indexados à inflação baixaram entre 1990 e 2020. É pois com expectativa que o processo eleitoral está a ser observado a nível europeu mas também dentro do país, como refere Inês Mendes, portuguesa ligada à 'Tu cà-Tu là', uma associação cultural em Turim.

"Estamos todos um pouco a aguardar, a ver o que é que vai acontecer neste domingo. Politicamente, está tudo muito agitado, mas socialmente a Itália também é um país que vai para a frente mesmo -às vezes- sem que haja um governo estável", considera esta portuguesa radicada na Itália.

Com ou sem capacidade de resiliência, a terceira economia da Europa e segunda potência industrial da zona Euro, terá contudo que enfrentar igualmente o problema da sua dívida externa que representa 150% do seu Produto Interno Bruto, seja qual for o vencedor no Domingo. A outra incógnita será a dinâmica que o país vai criar com os seus parceiros europeus depois das eleições.

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