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Argélia/Liga Árabe

Argélia acolhe cimeira inédita da Liga árabe

A Argélia acolhe entre estas terça e quarta-feira a cimeira da Liga árabe, a primeira em três anos. Ausentes estão pesos pesados, como o vizinho Marrocos, mas também muitos dirigentes do Golfo. A organização, muito influente na década de 70 do século passado, vive momentos de divisão, nomeadamente em torno da questão israelo-palestiniana.

Bandeiras dos países da Liga árabe em Argel, incluindo obviamente a do Estado anfitrião, a Argélia, para a cimeira da organização, que começa a 1 de Novembro de 2022.
Bandeiras dos países da Liga árabe em Argel, incluindo obviamente a do Estado anfitrião, a Argélia, para a cimeira da organização, que começa a 1 de Novembro de 2022. REUTERS - RAMZI BOUDINA
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Ivo Sobral, especialista do mundo árabe e professor nos Emirados Árabes unidos, alega que é a própria organização que se arrisca a ficar caduca dadas as divisões no seio dos países que a compõem.

"Obviamente há algumas ausências que vão existir nesta conferência ao mais alto nível. Em particular por parte da Arábia Saudita, assim como de outros países do Golfo que não vão estar com a representação completa na Argélia. Obviamente eu acho que é uma clara indicação que a Argélia tem uma agenda que inclui seguramente a causa palestiniana o que pode causar algum mal-estar em capitais como Rabat, Riade e Abu Dhabi.

Que essas têm alguma tradição de cooperação com o Israel nomeadamente?

Exactamente. Neste momento há aqui esta frente do Golfo do mundo árabe está a distanciar-se cada vez mais do mundo tradicional, da Liga Árabe: uma organização bastante tradicional que com o seu apogeu nos anos 70 ainda está carregada desta tradição do mundo árabe.

Acha que há aqui um risco de que caducidade da própria organização?

Exactamente. Sem dúvida. É esse o problema".

00:56

Ivo Sobral comenta desafios da Liga árabe, 1/11/2022

 

Este especialista do mundo árabe, docente em Abu Dhabi, admite tratar-se de um momento importante para a diplomacia de Argel, realçando, porém, que se trata para a Argélia de romper algum isolamento internacional dado o seu contencioso com Rabat e a o seu apoio inflexível à causa palestiniana, logo anti-israelita.

"É um momento bastante importante para a Argélia. A Argélia está a fazer uma ofensiva diplomática bastante forte. Um pouco também para romper um certo isolamento, em particular com o seu vizinho:  o seu problema eterno com o seu vizinho que é Marrocos !

E, ao mesmo tempo, um certo isolamento que a Argélia neste momento está a sofrer por causa da sua posição relativamente à Palestina. Será a primeira conferência do mundo árabe após o coronavírus, assim como a primeira conferência desde que existiram os acordos entre países do Golfo e Israel e, também, neste caso Marrocos.

No entanto a Argélia foi obrigada a ter que prescindir do regresso da Síria.

A Argélia está aqui um pouco a tentar ajudar o seu mais forte aliado mundial que é a Rússia. As relações entre a Rússia e a Argélia permanecem e estão cada vez mais fortes. E em relação à Síria a Rússia tinha um grande papel reaproximando a Síria via a Argélia junto da Liga Árabe.

Obviamente se calhar é bastante cedo isso acontecer. Existem ainda muita contestação em muitos países árabes relativamente à Síria e isso passou para segundo plano, muito rapidamente."

01:17

Ivo Sobral comenta isolamento da Argélia, 1/11/2022

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