Mais de 5 000 mortos no sismo que abalou a Turquia e a Síria
Assiste-se a uma verdadeira corrida contra o relógio para tentar ainda resgatar sobreviventes do terramoto que abalou a Turquia e a Síria na madrugada desta segunda-feira. O sismo deixou mais de 5 000 mortos, a OMS, Organização mundial da Saúde, afirmou recear balanços oito vezes superiores aos dados iniciais.
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Segundo a OMS 23 milhões de pessoas poderiam ter sido afectadas pelo tremor de terra de magnitude 7,8 na escala de Richter com epicentro no sudeste da Turquia.
Uma verdadeira corrida contra o relógio para encontrar sobreviventes ainda encarcerados nos milhares de edifícios que ruíram no terramoto na Turquia e norte da Síria – é esta a tarefa a que se dedicam com afinco os cerca de 16,000 técnicos da protecção civil turca, militares, equipas especializadas de resgate, ajudadas por dezenas de cães, e por muitos populares.
Até agora cerca de 8 000 pessoas já foram retiradas com vida das casas destruídas ou danificadas só na Turquia, a grande maioria logo nos momentos iniciais após o primeiro sismo, que atingiu esta região às 4.17 da madrugada de segunda-feira.
A cada hora que passa, o número de pessoas retiradas ainda com vida diminui, mas ainda há esperança.
Nesta terça-feira várias crianças foram salvas no norte da Síria e também na Turquia, entre as quais um bébe com 15 meses (na cidade de Kahramanmaras).
Dois irmãos, que tinham conseguido mandar a sua localização por telemóvel , conseguiram finalmente sair dos escombros da sua casa de família em Hatay, 36 horas após o primeiro abalo. Historias de vida, de sucesso, entre tanta morte e dor. Histórias de esperança.
À Turquia já chegaram pelo menos 1300 especialistas em operações de busca e salvamento do exterior, com mais de 70 cães, sobretudo de países europeus, mas também equipas da Índia, do Paquistão, do Azerbaijão, da Coreia do Sul, e de muitos outros países. São logo enviadas para a linha da frente, na tentativa de encontrar sobreviventes, sob coordenação da agência de protecção civil turca (AFAD).
As operações de resgate têm sido dificultadas pelas muitas réplicas – já se fizeram sentir mais de 250, entre as quais um violento sismo ao início da tarde de segunda (com 7,5 na escala de Richter, atingiu quase a mesma intensidade do abalo original 7,8 na mesma escala), que fez desabar muitos edifícios que tinham ficado severamente danificados pelo primeiro abalo.
O frio – continua a nevar e a chover numa parte da área afetada, não está também a ajudar a complexa operação de socorro, que se estende por uma vasta área - só na Turquia o sismo afectou severamente uma área com dois terços do tamanho de Portugal continental, um território com cerca 500 x 250 km de extensão.
A Turquia, já infelizmente habituada a desastres deste tipo – é o terceiro pais do mundo com mais vítimas mortais em termos absolutos devido a tremores de terra, mobilizou todos os seus recursos para ajudar.
Nesta segunda-feira mais de 70 aviões fretados pela protecção civil levaram milhares de voluntários para a área afectada. As filas para doar sangue são longas um pouco por todo o lado, as redes, mais ou menos informais, para receber e distribuir mantimentos surgiram em todas as cidades. O país, frequentemente tão polarizado e dividido, uniu-se numa enorme onde de solidariedade e partilha.
Solidariedade que se estende também ao mundo inteiro. Mais de 45 países já ofereceram ajuda, mesmo países com quem a Turquia mantem diferendos e rivalidades políticas.
Situação (ainda) mais grave parece ser a da Síria, que ao contrário da Turquia, não tem coordenação, instituições, mecanismos e capacidade para lidar com estas situações.
As duas províncias mais afectadas – Alepo e Idlib, são também das mais martirizadas pela guerra civil. Alepo está nas mãos do regime em Damasco, enquanto Idlib é a única província ainda nas mãos rebeldes, e está praticamente isolada do mundo exterior.
Sem um sistema de saúde, protecção civil e ajuda internacional - até agora só ajuda iraniana cegou a Damasco, e uns pouco camiões das Nações Unidas conseguiram passar para Idlib a partir da Turquia, restam os sobreviventes locais, e as poucas organizações civis como os capacetes brancos, para tentar encontrar sobreviventes entre os escombros. Se na Turquia a tarefa é hercúlea, na Síria a situação é desesperada.
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