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Estados Unidos

Faleceu o cantor e actor americano Harry Belafonte aos 96 anos

O cantor afro-americano e militante dos direitos cívicos Harry Belafonte faleceu nesta terça-feira em Nova Iorque, aos 96 anos de idade, vítima de insuficiência cardíaca. Conhecido como o ‘rei do calipso’, evidenciou-se igualmente como actor e como activista político, nomeadamente na luta contra o racismo e contra a pobreza.

Harry Belafonte durante a marcha pelos direitos cívicos em 1953 em Washington.
Harry Belafonte durante a marcha pelos direitos cívicos em 1953 em Washington. Wilkimedia commons
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Nascido em Harlem, em Nova Iorque no dia 1 de Março de 1927, de pai com raízes na Martínica e de mãe oriunda da Jamaica, é nesta ilha que Harry Belafonte passa os seus primeiros anos de vida. É também possivelmente ali que encontra a inspiração para o que se tornaria a sua marca registada : o ‘calypso’.

Na década de 1950, a América descobre este estilo afro-caribenho e o seu álbum ‘Calypso’, editado em 1956, é o primeiro disco da história a vender-se em mais de um milhão de exemplares.

Com a sua presença solar e a sua voz de veludo, o ‘rei do calypso’ inaugura décadas de sucessos entre os quais se destacam canções comoThe Banana Boat Song, mas tambémTry to rememberou ainda ‘Mama Look a Boo Boo. Logo a partir da década de 60, ele enche salas de concerto, recebe discos de ouro, ganha a celebridade a nível mundial e vários Grammys.

Paralelamente ao seu percurso musical, Harry Belafonte conduz também uma carreira no cinema.

No total, entre 1953 e 2006, Harry Belafonte desempenha papeis numa dezena de filmes, produzindo alguns deles. Entre as fitas emblemáticas nas quais participa, Belafonte entra nomeadamente no elenco de ‘Carmen Jone’ de Otto Preminger (1954), ‘Buck e o seu cúmplice’ de e com Sidney Poitier (1972), ‘Kansas City’ de Robert Altman (1996), ‘Bobby’, um filme de Emilio Estevez datando de 2006 sobre o assassinato de Bob Kennedy.

No cinema, ele foi também o primeiro actor negro a interpretar, em 1957, uma história de amor com uma actriz branca no filme "Uma ilha ao sol" de Robert Rossen, e também o primeiro afro-americano a produzir um show de televisão e ganhar um Emmy Award (1959).

É também durante esse período que ele começa a ser uma voz activa na sociedade americana. Em meados dos anos 50, o actor trava conhecimento com Martin Luther King, de quem se torna amigo e cujo combate ele financia.

Próximo também do Presidente Kennedy, este último nomeia-o consultor cultural no Corpo de Paz, entidade que apoia os países em dificuldade.

Anos mais tarde, em 1985, é também um dos impulsionadores da campanha ‘We are the world’ para África. Durante essa mesma década, torna-se igualmente embaixador itinerante para a UNICEF.

O seu envolvimento na luta contra o apartheid na África do Sul, traduzem-se em música no seu último album em 1988 ‘Paradise in Gazankulu’ dedicado a esta causa. Mais tarde, depois da libertação de Nelson Mandela, Belafonte coordena a sua primeira visita aos Estados Unidos.

Mais recentemente, o artista e activista, próximo de líderes como o antigo Presidente da Venezuela Hugo Chavez, toma posição contra o embargo americano a Cuba, contra a guerra no Iraque no começo dos anos 2000, incita o Presidente Obama a lutar mais activamente contra a pobreza e também apoia a candidatura do político de esquerda Bernie Sanders nas primárias democratas para as presidenciais de 2016.

Distinguido pelo seu percurso artístico e pelas suas intervenções na sociedade americana, Harry Belafonte, recebeu vários prémios: em 1989, recebeu as honras do Kennedy Center, em 1994 a Medalha Nacional das Artes, em 2000, um Grammy Award por todo o seu trabalho, em 2014, recebe um Oscar pela sua carreira e em 2021, foi galardoado com a Legião de Honra pelo embaixador de França nos Estados Unidos.

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