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Países Baixos

Países Baixos: Extrema-direita de Wilders vence eleições legislativas

O Partido da Liberdade (PVV), de extrema-direita, foi o partido mais votado nas eleições legislativas antecipadas que se realizaram esta quarta-feira, 22 de Novembro, nos Países Baixos, segundo as sondagens à boca das urnas.

Países Baixos: depois da vitória do partido de extrema-direita de Geert Wilders, é tempo de fazer contas para formar um novo governo.
Panneaux d’affichage électoraux à proximité du Parlement à La Haye, Pays-Bas, le 20 novembre 2023. © Peter Dejong/AP
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O Partido da Liberdade, PVV, de Geert Wilders, anti-islamita e anti-europeu, venceu as eleições legislativas antecipadas nos Países Baixos. Geert Wilders surpreendeu ao vencer as eleições legislativas holandesas sem, no entanto, ter a garantia de poder governar. O líder islamofóbico e soberanista fez campanha com base num programa anti-imigração.

Os resultados "apanharam todos de surpresa, as sondagens davam conta que o partido PVV ia subir e potencialmente ser líder, mas foi líder com larga margem e isso apanhou-nos de surpresa", descreve Ricardo Afonso, português residente há 12 anos nos Países Baixos, em declarações à RFI.

A aliança da esquerda e dos Verdes, liderada pelo antigo comissário europeu Frans Timmermans, ficou em segundo lugar com 25 assentos; o Partido Popular (VVD), de centro-direita, conquistou 24 assentos e o Novo Contrato Social (NSC), uma nova formação criada por Pieter Omtzigt, conquistou 20 assentos, ainda segundo dados provisórios.

Há um grande número de pequenos partidos que, graças ao sistema eleitoral holandês muito aberto, conseguiram conquistar um lugar no Parlamento. O partido dos Agricultores Cidadãos conquistou sete lugares, enquanto o Partido dos Animais três.

"Existe um enorme descontentamento na Holanda com a política mainstream e com as eleições anteriores, em que o partido dos agricultores levou a maioria dos votos e agora foi este. Penso que também terá a ver com a situação de Israel, o Wilders é um político que tem feito a sua base contra o islão e a islamificação da Europa. Com estas manifestações todas, com a guerra, as pessoas ganharam mais consciência deste fenómeno na Europa e ele saiu vencedor por causa disso. Até há cinco, seis semanas ele tinha entre 10 a 12% e agora anda por volta dos 30% - isto é enorme e apanhou todos de surpresa", acrescenta.

Geert Wilders apresentou-se como líder da futura coligação, mas para isso vai precisar de ter o apoio de 76 deputados. Sem conseguir ter certezas, uma vez que os outros três grandes partidos estão relutantes em entrar numa coligação com o partido de extrema-direita, seriam necessárias negociações complexas para encontrar uma maioria.

"Diria que não era a ambição dele ser primeiro-ministro, teria ambição de formar governo se a coligação fosse mais à direita, e parecia ser o caso até ontem, mas dado a maneira como ganhou as eleições, diria que ele tem ambições para mais", concluiu Ricardo Afonso.

A formação de um novo Governo é sempre um processo longo nos Países Baixos. Pode levar vários meses, durante os quais o primeiro-ministro cessante administra os assuntos em curso. Mas dado o carácter divisivo de Geert Wilders, desta vez vai ser ainda mais difícil.

O político de extrema-direita, de 60 anos, que vive sob protecção policial desde 2004, fez campanha sobre a luta contra a “invasão islâmica” e quer a organização de um referendo para sair da União Europeia. Propõe o restabelecimento de controlo fronteiriço, a detenção e expulsão de imigrantes ilegais, a remoção de requerentes de asilo sírios e a reintrodução de autorizações de trabalho para trabalhadores intra-União Europeia.

Geert Wilders quer proibir o uso de véu nos edifícios governamentais e fortalecer os laços com Israel. Pronunciou-se a favor do encerramento da representação holandesa em Ramallah e da transferência da embaixada holandesa para Jerusalém.

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