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Papa Francisco/Guerra na Ucrânia

Zelensky rejeita declarações do Papa Francisco

Kiev, Ucrânia – A Ucrânia respondeu com dureza às declarações do Papa Francisco no domingo, ao jurar "nunca" se render à Rússia, em reacção a um apelo do pontífice para que haja "coragem para içar a bandeira branca e negociar".

O Papa Francisco recebe o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em audiência privada no Vaticano, a 13 de Maio de 2023.
O Papa Francisco recebe o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em audiência privada no Vaticano, a 13 de Maio de 2023. AFP - HANDOUT
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"A nossa bandeira é amarela e azul. É a bandeira pela qual vivemos, morremos e triunfamos. Nunca içaremos outras bandeiras", disse o ministro ucraniano das Relações Exteriores, Dmytro Kuleba, numa mensagem no X (antigo Twitter).

"Quanto à bandeira branca, conhecemos a estratégia do Vaticano na primeira parte do século 20. Por isso, apelo que evitem repetir os erros do passado e que apoiem a Ucrânia e o seu povo na sua luta pela vida", acrescentou, numa aparente referência ao período da Segunda Guerra Mundial e às relações da Igreja com a Alemanha nazi.

Disse no entanto, esperar que o soberano pontífice "encontre a oportunidade de fazer uma visita canônica à Ucrânia".

Numa entrevista à televisão pública RTS no início de Fevereiro e transmitida no sábado, o Papa Francisco, quando questionado sobre a situação na Ucrânia, pediu a Kiev que não tivesse "vergonha de negociar antes que as coisas piorassem".

"Creio que os mais fortes são aqueles que olham para a situação, pensam nas pessoas e têm a coragem de levantar a bandeira branca e negociar", disse ainda ao papa Francisco na mesma entrevista.

À cabeça da igreja católica desde 2013, o Papa Francisco, já havia sido criticado no início da invasão russa à Ucrânia, por não ter claramente designado a Rússia como país agressor.

A partir do sábado à noite, o Vaticano procurou corrigir a situação, insistindo num comunicado em que a fórmula da "bandeira branca" significava "uma cessação das hostilidades, uma trégua obtida com a coragem de negociar" e, não uma rendição.

Depois de rezar o Angelus no domingo, o Papa Francisco também pediu a paz "na Ucrânia martirizada", mas outros funcionários interpretaram mal as suas declarações. O embaixador de Kiev no Vaticano, Andriy Yurash, comparou a sugestão às negociações com Hitler durante a Segunda Guerra Mundial.

E foi mais adiante, afirmando no X que: "Se quisermos acabar com a guerra, temos de tudo fazer para matarmos o Dragão!

Quem também apoiou o posicionamento da Ucrânia, foi Edgars Rinkevics, presidente da Letônia - outra antiga república soviética com relações tensas com Moscovo, por temer uma agressão russa a qualquer momento, que no X apelou a Ucrânia "a não capitular face ao mal", mas sim, a "vencê-lo", para que seja ele a "içar a bandeira branca."

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