Actor Gérard Depardieu convocado pela PJ perante duas novas acusações de agressão sexual

Em França, o actor Gérard Depardieu comparece hoje na polícia judiciária de Paris para um interrogatório sobre supostas agressões sexuais a duas mulheres. As queixas dizem respeito a casos que teriam ocorrido em 2021 e 2014 e vêm somar-se a cerca de vinte que foram apresentadas contra ele.

Actor francês Gérard Depardieu foi preso e responde por novas acusações de agressão sexual AP - Darko Vojinovic

O gigante do cinema francês, Gérard Depardieu, já acusado de violação no passado, foi convocado pela polícia judiciária nesta segunda-feira em Paris para ser ouvido sobre actos denunciados por duas mulheres que reclamaram o anonimato. Tanto os advogados da defesa de Depardieu como os representantes das queixosas recusaram comunicar sobre esta convocação.

A primeira queixosa é uma decoradora que trabalhou no filme "Les Volets Verts", dirigido por Jean Becker, em 2021. Ela apresentou queixa em Fevereiro de 2024 contra Gérard Depardieu por agressão sexual, assédio sexual e ultrajes sexistas. De acordo com a queixosa, os factos datam do ano 2021. Ele terá tido designadamente palavras obscenas durante as filmagens, depois terá pegado nela com "brutalidade" e ter-lhe-á apalpado a cintura, a barriga e os seios.

A segunda queixosa é uma ex-assistente de filmagem que acusa Gérard Depardieu de agressão sexual em 2014. De acordo com a imprensa local, a mulher que tinha 24 anos na época dos factos, apresentou queixa em Janeiro por "palavras obscenas" do actor durante encontros na sua mansão em Paris, por agressão sexual e propostas sexuais durante a rodagem do filme "O Mago e os Siameses" de Jean-Pierre Mocky há dez anos.

Recorde-se que Gérard Depardieu foi também acusado em 2020 de estupro e agressão sexual contra uma jovem actriz, Charlotte Arnould. Outra artista de cinema, Hélène Darras, apresentou queixa contra ele por agressão sexual durante uma rodagem em 2007, mas o caso foi encerrado por prescrição. Em Espanha, o comediante é igualmente alvo de uma queixa por parte da jornalista e escritora Ruth Baza, que o acusa de violação em 1995.

No total, cerca de 20 mulheres acusaram Depardieu de palavras obscenas, assédio ou agressão sexual junto da justiça ou na imprensa.

Numa recente entrevista ao jornal 'Mediapart', a actriz Anouk Grinberg que afirma ter sido testemunha de comportamentos impróprios do actor, declarou que "quando produtores de filmes contratam Depardieu num filme, sabem que contratam um agressor".

O interessado desmente as acusações. Numa tribuna publicada em Outubro do ano passado pelo 'Figaro', o actor de 75 anos disse "nunca ter abusado de uma mulher" a propósito das denúncias de Charlotte Arnould.

No final do ano passado, a difusão de um documentário na televisão pública francesa mostrando designadamente Depardieu em viagem na Coreia do Norte a dirigir-se de forma obscena à sua guia turística e a sexualizar uma menina, abalou fortemente a sua imagem.

Este novo episódio dos escândalos envolvendo Depardieu acontece numa altura em que explodem literalmente denúncias de abusos no mundo do cinema. Os visados têm sido até agora realizadores franceses como Benoît Jacquot e Jacques Doillon, na senda do movimento #MeToo que ganhou dimensão mundial em 2017, depois de o produtor americano de cinema Harvey Weinstein ter sido acusado de violações e agressões sexuais por inúmeras estrelas de Hollywood.