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Futebol

Arthur Augusto: «É um sonho estar no Bayer Leverkusen e ter conquistado o título de Campeão»

O Bayer Leverkusen sagrou-se Campeão na Alemanha, isto quando faltam ainda três jornadas para o fim do campeonato alemão de futebol masculino, a Bundesliga.

Arthur Augusto, defesa do Bayer Leverkusen.
Arthur Augusto, defesa do Bayer Leverkusen. © Cortesia Bayer04
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Pela primeira vez na sua história, o Bayer Leverkusen, sagrou-se campeão. O clube fundado em 1904 tinha até agora um título da segunda divisão em 1979, uma Taça da Alemanha em 1993 e a nível europeu, arrecadou a Liga Europa em 1988, na altura a prova era conhecida como Taça UEFA.

Este ano, o clube germânico, comandado pelo espanhol Xabi Alonso, de 42 anos, conseguiu o feito de derrotar o Bayern Munique, equipa que tinha vencido os últimos 11 títulos!

Após 31 jornadas realizadas, o Bayer Leverkusen tem 81 pontos, contabilizando 25 triunfos, seis empates e nenhuma derrota, tendo 12 pontos de vantagem em relação ao Bayern Munique e 17 em relação ao Estugarda.

Na próxima jornada da Bundesliga, a 32ª, o Bayer Leverkusen vai jogar frente ao Eintracht Frankfurt, a 5 de Maio, quando ainda faltam três jogos para o fim da prova.

A equipa alemã ainda tem mais dois objectivos. O Bayer Leverkusen mede forças com os italianos da AS Roma, a 02 e 09 de Maio, em jogos a contar para as meias-finais da Liga Europa, a segunda maior prova europeia de futebol masculino. Depois o clube germânico vai defrontar o Kaiserslautern, clube da segunda divisão, na final da Taça nacional a 25 de Maio.

A RFI teve a oportunidade de falar com o defesa brasileiro Arthur Augusto, jogador agenciado pela agência Roc Nation Sports International.

O atleta de 21 anos, que chegou durante o Verão europeu de 2023 à equipa alemã proveniente dos brasileiros do América Mineiro, disputou três jogos com a camisola do Bayer Leverkusen, ele que esteve vários meses fora dos relvados devido a lesões.

Arthur Augusto, defesa do Bayer Leverkusen.
Arthur Augusto, defesa do Bayer Leverkusen. © Cortesia Bayer04

Arthur Augusto, lateral brasileiro de 21 anos, já representou o Cruzeiro, o Flamengo e o América Mineiro no Brasil.

Em entrevista à RFI, Arthur Augusto mostrou-se feliz com o triunfo na Liga Alemã, mas admitiu que a equipa também quer vencer a Taça da Alemanha e a Liga Europa, aliás ele abordou o apuramento para as meias-finais na prova europeia, derrotando os britânicos do West Ham nos quartos-de-final.

De referir ainda que Arthur Augusto deixou-nos o palpite para a Liga dos Campeões, onde dois clubes germânicos estão nas meias-finais visto que o Bayern Munique defronta o Real Madrid e o Borussia Dortmund mede forças com o Paris Saint-Germain.

RFI: O Bayer Leverkusen apurou-se para as meias-finais da Liga Europa, mas não foi fácil frente ao West Ham? Vitória em casa por 2-0 e empate fora a uma bola na Inglaterra.

Arthur Augusto: Desde o início foi um jogo difícil. O West Ham foi uma equipa que precisava procurar o resultado e como o jogo foi no estádio deles, na cidade deles, foi um jogo difícil, com pressão dos adeptos. Mas como o futebol é jogado, no segundo tempo da partida, conseguimos desempenhar melhor e conseguimos empatar a partida e conquistar a qualificação.

RFI: Qual é o objectivo quando se atinge as meias-finais?

Arthur Augusto: Acredito que, obviamente, fazer boas partidas e com isso alcançar o apuramento para a grande final em Dublin.

RFI: Era um objectivo inicial da equipa estar nesta final da Liga Europa?

Arthur Augusto: Com certeza fazia parte dos objectivos da temporada. Os dois primeiros já foram alcançados, que foi o apuramento para a Champions League na próxima temporada e o título inédito da Bundesliga. E com certeza é um objectivo disputar essa final da Liga Europa.

RFI: Esse jogo frente aos italianos vai ser mesmo o foco total?

Arthur Augusto: Sim, mas nós não iremos abrir mão da nossa invencibilidade no Campeonato Alemão, mas nós iremos com força total para Roma, para que possamos alcançar o apuramento para a final e ter uma vingança em relação ao campeonato da temporada passada (ndr: os italianos eliminaram o Bayer Leverkusen nas meias-finais da Liga Europa por 1-0 no conjunto das duas mãos).

RFI: Arthur falou do campeonato. O Bayer Leverkusen já é campeão. Qual é a sensação?

Arthur Augusto: É uma sensação muito boa, não só da minha parte, mas de todos da equipa também. Nós conseguimos fazer história nesta temporada. É algo muito especial para nós, para a nossa carreira, para o Bayer Leverkusen em si, na sua gigante história. E é uma sensação, é um momento muito especial para todos nós.

RFI: No início da temporada, acreditavam que era possível vencer o título?

Arthur Augusto: Nós tínhamos esse objectivo e nós sabíamos que seria difícil. Mas a nossa equipa estava focada, todos unidos, e as coisas foram acontecendo. Nós não deixamos de trabalhar e acreditar e, consequentemente, nós fomos premiados com o título com cinco jornadas de antecedência.

RFI: A que momento os jogadores e o treinador perceberam que já não podiam ser apanhados pelo Bayern?

Arthur Augusto: Acredito que foi mais no jogo contra o Werder Bremen, mas o Xabi (ndr: Alonso, treinador do Bayer Leverkusen), ele sempre manteve o controlo dessa situação para que nós não pensássemos que o campeonato já estava ganho e pudéssemos ter um deslize e acabar perdendo esse título. Porque o futebol nós sabemos que às vezes é injusto. Mas o Xabi soube controlar muito bem essa situação.

RFI: Sentem que esmagaram o campeonato alemão?

Arthur Augusto:Eu acho que nós vamos ter noção do que nós fizemos essa temporada quando nós olharmos para ela com algum distanciamento. Acredito que quando a gente sair dela, durante as nossas férias, quando recebermos o título ou recebermos as medalhas, o troféu, eu acredito que nós vamos ter uma noção maior do que se passou durante esta temporada.

RFI: Chegou esta temporada ao Bayer Leverkusen, que nunca tinha vencido a Bundesliga. Chegou, venceu essa Bundesliga, ainda pode vencer a Liga Europa e ainda pode vencer a Taça da Alemanha. Qual é o sentimento para si de chegar num clube e ter sucesso?

Arthur Augusto:É um sonho que se vem realizando. Eu cheguei aqui com grandes expectativas e estou muito feliz de tudo o que a equipa vem fazendo, dessa conquista, desse título, e ainda tem a possibilidade de conquistar mais dois. Para mim é um sentimento incrível que às vezes faltam palavras para descrever.

 

Bayer Leverkusen, Vencedor da Bundesliga.
Bayer Leverkusen, Vencedor da Bundesliga. © AP - Martin Meissner

 

RFI: Como é que surgiu a paixão pelo futebol?

Arthur Augusto: Ela veio passada pelo meu pai e pela minha família, que sempre gostaram de futebol. Então, desde pequeno, eles me mostraram e eu acabei me apaixonando. No bairro onde eu morava eu jogava bola na rua com os amigos e foi ali onde que a minha paixão, ela surgiu e passou a aumentar cada vez mais.

RFI: Mas ser um passatempo, ser uma paixão e acabar por ser o emprego é diferente. A que momento decide integrar as escolas de clubes e tem a certeza que vai ser profissional?

Arthur Augusto: A certeza é muito difícil de se ter, mas acreditei e trabalhei para isso. Foi aos 14 anos que, quando eu estava mais velho, e pude entender que aquilo realmente ali, além de ser o meu passatempo, além de ser a minha paixão, seria o meu trabalho. Então eu teria que dar o dobro do meu melhor para que eu pudesse chegar a um grande clube, que eu pudesse me profissionalizar e realizar esse sonho.

RFI: Arthur é complicado num país como o Brasil, em que se diz que o Brasil é um país do futebol, conseguir impor-se? Como conseguiu impor-se em duas temporadas na equipa principal do América Mineiro.

Arthur Augusto: Com certeza. O Brasil é um berço de grandes craques e não foi fácil. Muitos jogadores técnicos, jogadores inteligentes. Mas com muito trabalho, com muita dedicação e o amadurecimento que a gente adquire durante os anos no futebol, durante o dia a dia, a sua vontade, aquele algo a mais que você faz no treino ou no jogo, são eles que te diferenciam e te dão a oportunidade de se profissionalizar.

RFI: Então, como é que se decide jogar a defesa direito? Foi um treinador que o indicou para essa posição? Como é que foi essa escolha?

Arthur Augusto: Foi um treinador que me indicou quando eu tinha 14 anos. Antes eu jogava como atacante pelo lado e com 14 anos esse treinador resolveu fazer um teste comigo na lateral direita e durante esse teste eu tive bons resultados e ele decidiu me usar lá. Foi uma posição que não demorou muito para eu me adaptar por ser jogada pela lateral, uma posição que eu jogava só avançado. Então eu recuei um pouco, mas foi bom. Eu gostei e me adaptei. E às vezes eu penso que foi isso que possa, em algum momento, ter salvado a minha carreira, porque nós sempre vemos que nos clubes sempre tem muita concorrência por ter muito atacante. E esse recuo que esse treinador me fez, às vezes eu vejo como algo que possa ter salvado a minha carreira também.

RFI: Quando era jovem, quais eram as referências do Arthur?

Arthur Augusto: Performar bem, amadurecer, é o sonho de toda criança que quer um dia chegar à selecção, seja ela na base, ou seja ela no profissional. E eu pude realizar eles e eu fico muito feliz com isso. Mas como jovem, esses eram os meus objectivos e sonhos.

RFI: Em relação a jogadores, tinha algum modelo?

Arthur Augusto: Actualmente tenho o Alexander-Arnold e o João Cancelo.

RFI: E quando era mais jovem, quando estava na posição de avançado, qual era?

Arthur Augusto: Acho que é um pouco óbvio, mas eu tinha o Neymar, por exemplo, e também o Ronaldinho Gaúcho.

RFI: Depois houve essa transferência para o Leverkusen. Isso assusta um jovem de 21 anos? Dar o salto do Brasil para a Europa.

Arthur Augusto: Assusta. No começo foi um choque. Não só para mim, mas para minha família também, porque tudo aconteceu muito rápido. Então foi um choque, sim, mas com o tempo e vivendo ali o dia a dia, aprendendo, recomeçando essa vida novamente, aos poucos tudo foi-se encaixando e a gente foi entendendo melhor o que aconteceu com a gente.

RFI: No Leverkusen quais foram as maiores dificuldades? Na Alemanha fala-se alemão, também faz frio, e a alimentação é diferente.

Arthur Augusto: No começo, tudo foi complicado, a língua, a alimentação. Quando eu cheguei aqui, para a minha sorte, estava no verão, então o clima estava parecido com o do Brasil, então foi mais tranquilo para adaptação. Mas a questão da língua, da alimentação, do modo de se viver aqui, no começo foi um pouco difícil, mas como eu disse, com o tempo eu fui entendendo e me acostumando a isso.

RFI: Como é que tem sido esta temporada para si?

Arthur Augusto: Foi uma temporada de resiliência. Eu tive duas lesões que atrapalharam o meu processo, que eu fiquei fora por seis meses. Então durante esse tempo foi um tempo difícil, mas acredito que agora, podendo estar de volta efectivamente, activamente, no grupo, creio que posso ter mais oportunidades.

RFI: Como é a relação com o Xabi? E como é esse treinador, esse jovem treinador que foi um grande jogador, mas que aparece hoje em dia como treinador?

Arthur Augusto: É uma relação muito boa. O Xabi, ele é uma pessoa muito tranquila. Ele dá liberdade para que nós possamos conversar com ele, para que ele possa entender mais sobre a gente, e a gente entender mais sobre ele também. Ele sempre dá um ‘feedback’ do que ele quer que a gente faça e ele demonstra muita confiança na gente. Então é uma relação muito tranquila com ele.

RFI: Eu sei que ainda não estamos na temporada que vem, mas sente que vai haver muita mais pressão no Bayer Leverkusen para o ano? Toda a gente vai estar à espera do Bayer, até os próprios adeptos.

Arthur Augusto: Sim, eu acho que isso é normal e a gente que vive com o futebol entende e sabe lidar com isso. E é algo que nós queremos também. Com certeza, na próxima temporada, tendo em mente o que nós fizemos nessa de 2023/2024, vai servir de impulso para que a gente possa fazer uma temporada melhor ainda no próximo ano. Com certeza vamos brigar por títulos, brigar por classificações importantes e é isso que a gente quer também.

RFI: O que se pode desejar ao Arthur para os próximos meses? A Liga já está ganha. Falta a Liga Europa, falta a taça e depois falta também chegar à selecção brasileira.

Arthur Augusto: Sim, um desejo é voltar a performar bem, fazer bons treinos, bons jogos, quando houver oportunidade, e conquistar mais ainda a confiança do Xabi e da equipa.

RFI: Na Liga dos Campeões está o Bayern Munique e o Borussia Dortmund, duas equipas que, no fundo, o Bayer Leverkusen derrotou. Acha que uma equipa alemã pode vencer a Liga dos Campeões este ano?

Arthur Augusto: Acredito que sim. São duas grandes equipas que temos aqui na Alemanha também e eles vêm fazendo uma boa campanha na Champions League. Então eu acredito que podemos ter um campeão alemão na Champions League desse ano.

 

11:12

Arthur Augusto, defesa brasileiro do Bayer Leverkusen 26-04-2024

Arthur Augusto, defesa brasileiro do Bayer Leverkusen.
Arthur Augusto, defesa brasileiro do Bayer Leverkusen. © Cortesia Bayer04

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